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A BOA SEMENTE (Mt 13,36-43)

Sobre o Evangelho desta terça-feira (30/07/2024)

OS EVANGELHOSMT 13

Antonio Carlos Santini

7/30/20242 min ler

A parábola do joio e do trigo é bem incômoda. Nós gostaríamos que o mal fosse erradicado já – imediatamente - de nosso meio. Aliás, continua como um escândalo para muita gente o fato de um Deus bom permitir o mal... No entanto, para nosso desgosto e mal-estar, Jesus ensina que é assim mesmo: até o fim dos tempos, joio e trigo (isto é, o mal e o bem) estarão convivendo lado a lado. Por enquanto – ensina o Mestre – não chegou a hora do juízo, ou seja, de peneirar e separar.

Enquanto isso, preocupados em recriminar os desígnios de Deus, nós deixamos de prestar atenção em outro aspecto bem mais prático para nós. Quando Jesus fala de semeadores e de sementes, nós nos acostumamos a traduzir a semente como a Palavra de Deus. Ora, nesta passagem do Evangelho, o Mestre diz expressamente: “A boa semente são os filhos do Reino”.

Deus semeia continuamente “filhos do Reino” no meio de nós. Nosso tempo foi privilegiado neste aspecto. Não precisamos lamentar que Francisco de Assis tenha vivido na Idade Média e Francisco Xavier no Renascimento. Com nossos próprios olhos, nós “vimos” Madre Teresa de Calcutá e seu amor pelos pobres. Vimos João Paulo II e seu ardor missionário. Vimos Pe. Eustáquio e sua dedicação pastoral. Sem dúvida, todos estes são “filhos do Reino” – sementeira de Deus.

Também em nossas famílias, conhecemos tantas mulheres dedicadas, capazes de grandes sacrifícios para cumprirem sua missão de mãe, esposa e dona de casa. Conhecemos professores sacrificados que consagraram toda uma vida a iluminar nossas crianças e nossos jovens. Conhecemos perto de nós muitos freis e freiras que abriram mão de um projeto pessoal de vida para cuidarem, sem medir esforços, do rebanho que o Senhor lhes tinha confiado.

E nós? Que tipo de semente temos sido? Joio inútil ou trigo generoso? Aqueles que convivem conosco poderão dizer que somos “filhos do Reino”? Quando o Dono da messe se debruça sobre a seara, hoje, que sentimentos terá quando contempla a orientação que demos à nossa vida?

O joio é estéril. O trigo dá fruto. Os grãos maduros se deixam colher e moer. Seu sacrifício permite a vinda do pão e a consagração da hóstia. Existem para que os outros possam viver...

Orai sem cessar: “Graças a mim é que produzes fruto.” (Os 14,8b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Imagem de Capa

Trigo / John Linnell/ 1860

Material: Óleo em Tela

Dimensões: 94 x 140cm

National Galery, Londres, UK