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A ESCURIDÃO VEIO SOBRE TODA A TERRA (Lc 23,44-48)

Papa João Paulo II (1920 - 2005)

"Era já mais ou menos a hora sexta quando houve treva sobre aterra inteira até à hora nona, a escuridão cobriu toda a terra enquanto a luz do sol se apagou; e a cortina do templo se rasgou em duas. Jesus deu um grande grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isso, expirou. O centurião, vendo o que acontecera, glorificava a Deus, dizendo: “Realmente, este homem era um justo!” E toda a multidão que havia acorrido para o espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltou, batendo no peito." (Lc 23, 44-48)

No final deste capítulo, em que meditámos a mensagem cristã sobre a vida, quereria deter-me com cada um de vós a contemplar Aquele que trespassaram e que atrai todos a Si. Levantando os olhos para "o espetáculo" da cruz, poderemos descobrir, nesta árvore gloriosa, o cumprimento e a plena revelação de todo o Evangelho da vida.

Nas primeiras horas da tarde de Sexta-feira Santa, "as trevas cobriram toda a terra (...) por o sol se haver eclipsado. O véu do Templo rasgou-se ao meio". É o símbolo de uma grande perturbação cósmica e de uma luta atroz das forças do bem contra as do mal, da vida contra a morte.

Também hoje nos encontramos no meio de uma luta dramática entre a "cultura da morte" e a "cultura da vida". Mas o esplendor da Cruz não fica submerso pelas trevas; pelo contrário, aquela desenha-se ainda mais clara e luminosa, revelando-se como o centro, o sentido e o fim da história inteira e de toda a vida humana.

Jesus é pregado na cruz e levantado da terra. Vive o momento da sua máxima "impotência", e a sua vida parece totalmente abandonada aos insultos dos seus adversários e às mãos dos seus carrascos: é humilhado, escarnecido, ultrajado. E contudo, precisamente diante de tudo isso e "ao vê-Lo expirar daquela maneira", o centurião romano exclama: "Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!" (Mc 15, 39). Revela-se assim, no momento da sua extrema debilidade, a identidade do Filho de Deus: na Cruz, manifesta-se a sua glória! Com a sua morte, Jesus ilumina o sentido da vida e da morte de todo o ser humano.

Excerto da carta encíclica EVANGELIUM VITAE. 1995. Disponível em: https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_25031995_evangelium-vitae.html

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A QUEDA DA BABILÔNIA

Ciro, o Grande, derrotando o exército babilônico / 1831 / John Martin

O Zigurate ao fundo, sob um céu escuro e tempestuoso, com multidões em perigo