
A ESSÊNCIA DE DEUS É SUA PRÓPRIA EXISTÊNCIA (Ex 3, 14)
LEITURAS DA LITURGIAPRÊXODOTEOLOGIAFILOSOFIA
Disse Deus a Moisés: “Eu sou aquele que é.” Disse mais: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘EU SOU me enviou até vós.’" (Ex 3, 14)
Deus não é apenas a sua própria essência ... mas também sua própria existência. Isso pode ser mostrado de várias maneiras.
Primeiro, tudo o que uma coisa tem além de sua essência deve ser causado pelos princípios constitutivos dessa essência (como uma propriedade que necessariamente acompanha a espécie - como a faculdade de rir é própria de um homem - e é causada pelos princípios constituintes da espécie), ou por algum agente exterior - como o calor é causado na água pelo fogo. Portanto, se a existência de uma coisa difere de sua essência, essa existência deve ser causada por algum agente exterior ou por seus princípios essenciais. Ora, é impossível que a existência de uma coisa seja causada por seus princípios constituintes essenciais, pois nada pode ser a causa suficiente de sua própria existência, se sua existência for causada. Logo, aquela coisa, cuja existência difere de sua essência, deve ter sua existência causada por outra. Mas isso não pode ser verdade para Deus; porque chamamos Deus de a primeira causa eficiente. Logo, é impossível que em Deus a sua existência se afaste da sua essência.
Em segundo lugar, a existência é aquilo que torna cada forma ou natureza real; pois a bondade e a humanidade são mencionadas como reais, apenas porque são mencionadas como existentes. Logo, a existência deve ser comparada à essência, se esta é uma realidade distinta, como a realidade à potência. Portanto, uma vez que em Deus não há potencialidade... segue-se que nele a essência não difere da existência. Portanto, sua essência é sua existência. Em terceiro lugar, porque, assim como aquilo que tem fogo, mas não é fogo, está em chamas por participação; De forma que tem existência, mas não é existência, é um ser por participação. Mas Deus é sua própria essência. ... Se, portanto, ele não é sua própria existência, ele não será essencial, mas um ser participado. Ele não será, portanto, o primeiro ser - o que é absurdo. Logo, Deus é a sua própria existência, e não apenas a sua própria essência.
Excerto traduzido de AQUINAS, Tomás. Summa Theologiae 1.3.4 Disponível em: https://www-newadvent-org.translate.goog/summa/1003.htm?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc#article3
Tradução: Rafael Andrade Filho