
A PROFECIA CUMPRIDA (Lc 4, 16-21)
Sobre a Liturgia desta segunda feira (02/09/2024)
OS EVANGELHOSPRTEOLOGIALC 4
Na sinagoga, deram-Lhe o livro de Isaías. A profecia específica que leu falava do servo de Deus sofredor.
Espírito do Senhor está sobre mim,
porque me ungiu;
e enviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres,
para sarar os contritos de coração,
para anunciar aos cativos a redenção,
aos cegos a restauração da vista,
para pôr em liberdade os cativos,
para publicar o ano da graça do Senhor
(São Lucas 4,18-19)
Essa passagem era familiar aos judeus. Era uma profecia do Antigo Testamento a respeito da libertação dos judeus do cativeiro da Babilônia. Entretanto, Ele fez uma coisa nada usual: tomou esse texto elaborado no exílio, enrolou-o ao redor de Si. Trocou o significado do “pobre”, do “escravizado” e do “cego”. Os “pobres” eram os que não possuíam a graça e careciam de união com Deus; os “cegos” eram aqueles que ainda não tinham visto a Luz e os “escravizados” os que não tinham adquirido a verdadeira libertação do pecado. Ele, então, proclamou que todos esses concentravam-se Nele.
Sobretudo, declarou o jubileu. O código mosaico determinava que para cada cinquenta anos, um fosse de graça especial e restauração. Todos os débitos eram remidos; as heranças de família que tinham, pela pressão do tempo, sido vendidas retornassem aos antigos donos; aqueles que hipotecaram a autonomia fosse-lhes restaurada a liberdade. Era uma salvaguarda divina contra os monopólios e isso mantinha a vida familiar intacta. O ano jubilar foi para Ele um símbolo da própria aparição messiânica que proclamou porque fora ungido com o Espírito para fazê-lo. Haveria novas riquezas espirituais, uma nova luz espiritual, uma nova liberdade espiritual, todas centradas nele — o evangelista, o médico, o emancipador. Todos os que estavam na sinagoga fixaram os olhos Nele. Então, vieram as palavras alarmantes, explosivas:
Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. (São Lucas 4,21)
Sabia que esperavam por um rei político que expulsaria o domínio romano. Entretanto, proclamou a redenção do pecado, não da ditadura militar. Somente nesse sentido deveriam esperar se cumprir a profecia de Isaías.
Excerto de Vida de Cristo, do Venerável Fulton Sheen. - (pp. 350-351). Petra. Kindle Edition.