A ÚLTIMA CEIA
Excerto de "Vida de Cristo" sobre (Mc 14, 22-25)
ARTIGOSA IGREJA E OS FUNDAMENTOS DA FÉMC 14
Por essa Comunhão foram feitos um com Cristo, para serem oferecidos com Ele, Nele, e por Ele.
Todo amor almeja unidade. Assim como o ápice do amor na ordem humana é a unidade de Marido e Mulher na carne, também a unidade na ordem divina é a unidade da Alma e Cristo na Comunhão. Quando os apóstolos, e posteriormente a Igreja, obedecem às palavras de nosso Senhor para renovar o memorial e comer e beber Dele, o corpo e o sangue não seriam aqueles do Cristo físico, então diante deles, mas aquele do Cristo glorificado no céu, que continuamente intercede pelos pecadores. A salvação da Cruz, eterna e soberana, é assim aplicada e atualizada ao longo do tempo pelo Cristo celestial.
Quando nosso Senhor, depois de ter transformado pão e vinho em seu corpo e sangue, disse aos apóstolos que comessem e bebessem, Ele estava fazendo à alma do homem o que a comida e a bebida fazem ao corpo. A menos que sejam sacrificados ao serem arrancados das raízes, os vegetais não podem alimentar ou comungar com homem. O sacrifício do que é mais ínfimo deve preceder à comunhão com o que é mais elevado. Primeiro, sua morte foi misticamente representada, depois, seguiu-se a Comunhão. O mais baixo se transforma no mais alto; os elementos químicos em vegetais; os vegetais em animais; elementos químicos, os vegetais e os animais em homem; e o homem em Cristo pela Comunhão. Os seguidores de Buda não extraem força de sua vida, mas apenas de seus escritos. Os escritos do cristianismo não são tão importantes quanto a vida de Cristo que, vivendo em Glória, derrama sobre os seus seguidores os benefícios de seu sacrifício.
A única nota que insiste em soar ao longo da Sua vida foi a morte e a Glória. Foi sobretudo por isso que Ele veio. Assim, na noite anterior a sua morte, Ele deu aos apóstolos algo que, ao morrer, ninguém mais poderia dar: deu a Si mesmo. Só a sabedoria divina poderia ter concebido tal memorial!
Humanos, entregues à própria sorte, poderiam ter estragado o drama de sua Redenção. Com a morte do Senhor, poderiam ter feito duas coisas contra o caminho da divindade. Poderiam ter considerado Sua morte Redentora um drama apresentado uma vez na história, como o assassinato de Lincoln. Neste caso, teria sido apenas um incidente, e não uma Redenção - o fim trágico de um homem, não a salvação da humanidade. Lamentavelmente, este é o único modo como muitos olham para a Cruz de Cristo, esquecendo-se da ressurreição e da efusão dos méritos da Cruz no ato memorial que Ele instituiu e ordenou. Nesse caso, Sua morte seria apenas uma espécie de “Memorial Day” e nada mais. Ou poderiam tê-la considerado um drama representado uma vez, mas que deve ser relembrado apenas por meio da meditação em seus detalhes. Nesse caso, voltariam e leriam os relatos dos críticos do drama que vivenciado à época, a saber: Mateus, Marcos, Lucas e João. Essa seria apenas uma lembrança literária de Sua morte, assim como Platão registrou a morte de Sócrates, e teria feito a morte de nosso Senhor igual à morte de qualquer outro homem.
Nosso Senhor jamais disse a ninguém que escrevesse acerca de Sua redenção; todavia, com efeito, disse aos apóstolos que a renovassem, aplicassem, celebrassem e estendessem ("fazei isso"), pela obediência a seus mandamentos dados na última ceia. Ele queria que o drama do calvário fosse encenado não apenas uma vez, mas por todas as eras à Sua própria escolha. Não queria que os homens fossem leitores da história da Redenção, mas atores dela, oferecendo seu corpo e seu sangue junto com o Dele na reencenação do Calvário, dizendo com Ele: “Este é o meu corpo e este é o meu sangue”; morrendo para a natureza inferior a fim de viver para a graça; dizendo que não se importam com a aparência nem com as espécies de suas vidas como, por exemplo relacionamentos familiares, trabalho, afazeres, aparência física ou talentos, mas que seu intelecto, sua vontade e sua substância - tudo que verdadeiramente eram - transformar-se-iam em Cristo; que o Pai celestial, ao baixar os olhos sobre eles, os veria no Filho, veria o sacrifício deles amalgamado com o sacrifício de Cristo, as mortificações Deles incorporadas à morte de Cristo, de modo que, enfim, pudesse participar de Sua Glória.
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