ADORAÇÃO EUCARISTICA
Nosso Fundamento
ARTIGOSORAÇÃO E SANTIFICAÇÃO
FICAR PRÓXIMO AO FOGO!
Um dos grandes profetas da Adoração ao Santíssimo Sacramento foi o venerável Fulton Sheen, o qual praticava e recomendava, principalmente aos sacerdotes e evangelizadores, que fizessem o que ele chamava de “A Hora Santa”. A Hora Santa é o ato de ficar diante do Santíssimo Sacramento por uma hora todos os dias.
Mas o que significa adorar o Santíssimo Sacramento? Uma imagem que ilustra a adoração foi descrita pelo próprio Fulton Sheen: “Diante do Santíssimo Sacramento, me sinto como se fosse um cão aos pés do seu dono, próximo ao fogo da lareira. O dono pode não precisar de mim agora. Ele está fazendo suas próprias coisas. Mas eu estou aqui. E se ele precisar de mim, estou pronto para me mover imediatamente. Eu posso não estar fazendo muito, mas estou pronto”.
Então, alguém que está sentado ou ajoelhado na presença do Santíssimo Sacramento, talvez não esteja fazendo muita coisa, mas está lá. Podemos estar engajados em oração, lendo a bíblia, meditando sobre o evangelho, rezando o terço, contando nosso dia para Deus ou até mesmo sem saber o que fazer, mas estamos prontos, aos pés do nosso mestre, pronto para responder quando for necessário, a algum pensamento, sentimento ou inspiração.
No nosso apostolado, essa imagem nos ajuda muito. Para nós é importante estar na presença do Senhor, ainda que não saibamos o que vamos dizer. Estamos ali, de prontidão, diante daquela radiação que vem do Corpo de Cristo, o mesmo Corpo que criou o mundo.
Outra imagem interessante, que tem sido atribuído a fontes diferentes, e que ajuda a explicar a adoração é a de que na adoração eucarística “eu olho para Ele. Ele olha para mim”. É a forma como dois amigos podem estar um com o outro em silêncio. Podem não estar realizando muito, mas estão na presença um do outro.
Muitos dos santos eram devotos da Eucaristia exatamente desta maneira. Não acredite nas pessoas que dizem, e você ainda vai ouvir isso hoje, que há algo primitivo na adoração eucarística, algo imaturo. Não se deixe influenciar por isso. A eucaristia é a ciência das ciências, a verdadeira metafísica. E algumas das maiores figuras da nossa tradição dedicaram-se a ela.
Santo Tomás de Aquino, segundo seu secretário, Reginaldo de Piperno, que esteve com ele por muitos anos e o conhecia muito bem, dizia que Aquino resolveu muito mais problemas intelectuais por meio da oração do que do pensamento. Aquino é um dos maiores pensadores do mundo ocidental, mas seu secretário achava que a grandeza dos seus escritos não eram inspirados tanto pelo pensamento quanto pela oração. Piperno testemunhou que Aquino frequentemente entrava na capela e apoiava a sua cabeça contra o tabernáculo, como se buscasse inspiração direta.
O mesmo Tomás de Aquino dizia lindamente que, durante as palavras da consagração, é como se um fogo fosse aceso naquele lugar. É o mesmo Cristo, o mesmo fogo que é aceso em todo o mundo, mas naquele momento da consagração está sendo aceso naquele lugar. E é diante desse fogo que devemos fazer nossa hora santa! Como um cão aos pés do dono, perto da lareira.
Usando essa imagem de Aquino, pode-se dizer que adorar é “ficar perto do fogo”! Meditemos sobre isso. Pensemos no fogo.
O fogo dá luz contra a escuridão e calor contra o frio. Nós vivemos em um mundo frio. Refiro-me a esse mundo friamente secularista em que estamos hoje em dia. O mundo secular é um lugar frio e sombrio para a alma, porque a alma está destinada para Deus e o mundo secularista o nega e tenta escondê-Lo. Mas quando chegamos ao tabernáculo para adorar, a Eucaristia é o calor contra esse frio. Também vivemos em um mundo decaído. E o mundo decaído é um lugar escuro. A escuridão é um grande símbolo bíblico de perder o Caminho, de não saber para onde se vai, de tropeçar e cair. É assim que muitos de nós vivemos: na escuridão, sem saber o caminho. A Eucaristia é a luz contra essas trevas.
O fogo também fornece proteção contra inimigos. O mundo decaído também é um lugar cheio de inimigos. Sabemos disso. Você poderia ir em uma viagem de acampamento para uma bela floresta durante o dia, mas, à noite, essa floresta também está cheia de predadores e de perigos. E o fogo dos tempos primordiais era uma forma de manter esses perigos afastados. Vivemos em um mundo com muitos inimigos visíveis? Pode apostar que sim. Basta observar a maneira como a Igreja é muitas vezes tratada hoje, externa e até internamente. A forma como a fé está sob ataque. Basta acessar a internet, a qualquer hora do dia ou da noite, e ver a fé sendo atacada. Temos também inimigos invisíveis? Também pode apostar que sim! Lutamos não apenas contra inimigos de carne e osso, mas contra os principados e potestades. O que mantém os predadores afastados senão o fogo. A Eucaristia é esse fogo que afasta os inimigos.
O que é adoração eucarística, portanto? É o ato consciente de ficar perto do fogo. O fogo provido pelo Senhor é o calor contra o frio, a luz contra a escuridão e a proteção espiritual contra os inimigos.
OUTROS EXEMPLOS DE DEVOTOS DA ADORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Edith Stein (Santa Teresa Benedita da Cruz), grande mártir do século 20, era de uma família judia, criada na fé judaica. Mas no final de sua adolescência, se tornou ateia e rejeitou completamente sua tradição religiosa. Posteriormente, através de um longo e fascinante processo, ela se volta à fé católica. Antes de ser uma religiosa consagrada, ela se tornou uma leiga com amor ardente pelo Senhor. Tentando encontrar seu caminho, Edith passava hora após hora diante do Santíssimo Sacramento em adoração eucarística.
Ainda como leiga, morou por um tempo em um convento. As freiras locais ficaram tão impressionadas com sua devoção ao Santíssimo Sacramento que fizeram uma cadeirinha para que ela continuasse adorando-o, atrás de um pilar da igreja, para que as pessoas não ficassem esbarrando nela. Era como se fosse o seu lugar especial, onde se entregava à adoração eucarística. O que teria lhe dado a força de caráter e de alma para se tornar a grande mártir que foi?
Jacques Maritain, um dos maiores intelectuais católicos do século passado, com sua história de vida, fascinante, quando morava em Paris, viajava pelo mundo. Quando voltava para casa, no final do dia, seu costume era atravessar Paris até Montmartre, que é a área da cidade onde se encontra a Igreja de Sacré-Coeur, do Sagrado Coração. E Maritain entrava naquela igreja, se ajoelhava diante do Santíssimo Sacramento e passava a noite inteira em vigília, em adoração.
A propósito, em Sacré-Coeur, a Eucaristia está em adoração perpétua, 24 horas por dia, desde o final do século 19! E Maritain foi uma das pessoas que continuou essa grande corrente de devoção.
Madre Teresa de Calcutá. Se visitarmos a Casa da Mãe, em Kolkata, na India, entramos em num espaço muito simples, onde está o Santíssimo Sacramento. A princípio, o que parece uma das freiras rezando é, na verdade, essa linda e pequena estátua da Madre, com a postura e a atitude que tinha em adoração. Ela está meio agachada e meio curvada (foto do abaixo).
É exatamente onde ela se sentava em oração, em adoração, hora após hora. O que formava seu trabalho com os pobres, o que o tornava possível? Teria sido da adoração eucarística que veio sua força?
Dorothy Day, fundadora do Movimento Operário Católico, tinha uma profunda devoção à Eucaristia. Um padre foi à Casa Operária Católica, em Nova York, para celebrar a missa. Por algum motivo ele pegou uma caneca de café da prateleira e a usou como cálice. Ele celebrou a missa, e Dorothy Day, muito reverentemente acompanhou a missa e recebeu a Eucaristia. Depois agradeceu ao padre que seguiu seu caminho. Então ela purificou aquela caneca de café, a colocou em uma toalha, pegou um martelo e quebrou-a em pedaços. Então saiu para quintal e enterrou os pedaços profundamente. Ela disse: “como eu poderia usar como uma caneca de café o que um dia conteve o sangue de Cristo?” De onde teria vindo seu poder para cuidar dos pobres?
Carol Wojtyla, (São João Paulo II). Irmã Teodósia foi uma das maravilhosas irmãs polonesas da Cracóvia que testemunharam sua devoção ao Santíssimo Sacramento. Ela relata que um dia viu Carol Wojtyla, quando ainda era arcebispo, entrar na capela do Santíssimo. Ela continuou fazendo seu trabalho e simplesmente não o viu sair. Então ela entrou na capela e olhou ao redor, não o viu. Saiu, olhou em volta, perguntou se o tinham visto, mas ninguém o viu. Voltou a capela, olhou novamente, não o viu. Finalmente, na terceira vez que ela voltou à capela, ela entra mais adiante e vê Carl Wojtyla completamente deitado no chão, com os braços abertos como uma águia, adorando o Santíssimo Sacramento. De onde teria o Santo Papa força e coragem para enfrentar o comunismo?
Portanto, a adoração eucarística é uma prática espiritual de suma importância, exercida por grandes santos da igreja, que permaneceram perto daquele fogo se aquecendo contra o frio, se iluminando contra a escuridão e se protegendo dos perigos.



