
AI DE VÓS, GUIAS CEGOS! (Mt 23,13-22)
Sobre o Evangelho desta segunda-feira (26/08/2024)
OS EVANGELHOSMT 23
No tempo de Jesus, o Povo Escolhido estava sob severa dominação romana, cujo Império envolvia todo o litoral do Mediterrâneo, o “mare nostrum”. Na Palestina ocupada, até mesmo as autoridades religiosas se acomodavam à cultura pagã, esforçando-se por não perderem seus privilégios. Do ponto de vista religioso, a massa não recebia os cuidados pastorais. Era até mesmo desprezada pelos homens do Templo, pelos escribas e fariseus (cf. Jo 7,48-49).
Conhecedores da Lei e dos profetas, as lideranças religiosas deveriam ter reconhecido em Jesus o Messias prometido, mas resistiram a isso. Por isso mesmo, mereceram de Jesus o rótulo de “cegos e guias de cegos” (Lc 6,39). Foram até provocados pelo Mestre, que falava em parábolas exatamente para que não entendessem a mensagem: “para que, vendo, não vejam...” (Lc 8,10.)
De certo modo, o povo diz o mesmo com o provérbio: “ninguém dá o que não tem”. E tem razão. Como os pais darão a adequada formação religiosa a seus filhos se eles mesmos são ignorantes na matéria? De que maneira os sábios mestres universitários orientarão os seus alunos, se eles mesmos são desorientados em sua vida pessoal? O ministro de Deus poderá cumprir sua missão de pastor se ele mesmo não encontra tempo para viver na intimidade do Senhor?
A mesma cegueira se verifica em autores famosos, filósofos e pensadores que são adotados como gurus da sociedade, mas foram profundamente erráticos e infelizes em sua vida pessoal? Tal como Jean Paul Sartre, um dos pais do existencialismo moderno, que morreu urrando como um animal. Ou como Sigmund Freud, que ainda possui um exército de adoradores, mas viveu cheio de fobias, dependente de drogas, afastou a maior parte de seus amigos, atacando-os com os piores qualificativos, e recebia da filha Anna cartas iniciadas pelo vocativo: “Querido demônio”?
Seriam esses os guias para nossos filhos? No entanto, eles são modelos propostos nas universidades, onde se faz a mais deslavada campanha para erradicar a fé de nossa juventude. Ali, os valores cristãos são combatidos, são alvo de zombaria e escárnio. E os pais pagam caro para expor seus filhos a esta demolição... Eles deviam acreditar mais em si mesmos: apoiados na oração, sustentados pela Palavra de Deus e pelos sacramentos, dariam eles mesmos aos filhos a base de uma vida feliz, segundo os desígnios de Deus.
A pergunta urgente e aflitiva é a seguinte: estariam os pais dispostos a ser os olhos para seus filhos?
Orai sem cessar: “Tenho os olhos sempre no Senhor!” (Sl 25,15)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.


IMAGEM DE CAPA:
CRISTO E OS FARISEUS
Anthony van Dyck / Holanda/ Primeira Metade do Sec. XVII
Desenho em Papel
15 x 21 cm
Metropolitan Museum of Art (Museu Metropolitano de Arte), Nova York, EUA