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AMAR A DEUS COMEÇA COM UMA ESCOLHA (Dt 6:5)

LEITURAS DA LITURGIATEOLOGIAPRDEUTERONÔMIO

Dorothy Day (1897-1980)

"Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração,
com toda a tua alma
e com todas as tuas forças.” (Dt 6,5).

O problema é, como amar a Deus? Estamos demasiadamente conscientes da dureza de nossos corações e por isso, apesar de tudo o que os escritores religiosos nos dizem sobre o sentimento não ser necessário, nós queremos sentir e, assim, saber que amamos a Deus. Mas, como dizia Pascal, você "não o buscaria se já não o tivesse encontrado". E é verdade também que você ama a Deus se deseja amá-lo.

Um dos fatos desconcertantes sobre a vida espiritual é que Deus, mais cedo ou mais tarde, nos dá a chance de provar nosso amor por Ele. A própria palavra "diligo", a palavra latina usada para "amor", significa "preferir [escolher]".

Era muito bom para mim amar a Deus em suas obras, na beleza de sua criação, mas isso me foi elevado quando nasceu meu filho... Nenhuma criatura humana poderia receber ou conter um dilúvio tão vasto de amor e alegria como eu senti após o seu nascimento. Com isso veio a mim a necessidade de adorar e de venerar Deus pessoalmente.

Ouvi muitos dizerem que queriam adorar a Deus à sua própria maneira e que não precisavam de uma Igreja para louvá-lo, nem de um grupo de pessoas com quem se associar. Mas eu não concordava com isso. Minha própria experiência como uma radical, minha personalidade inteira, me levou a querer me associar com outros, com as massas, para amar e louvar a Deus. Sem mesmo olhar para as alegações da Igreja Católica, eu estava disposta a admitir que para mim ela era a única Igreja verdadeira. Ela havia descido através dos séculos desde o tempo de Pedro e, longe de estar morta, ela reivindicava e mantinha a fidelidade das massas em todas as cidades onde eu havia vivido. As pessoas entram e saem de suas portas aos domingos e dias santos, para novenas e missões e, com isto, elas tem a chance de mostrar sua "escolha" [seu amor]...

Pode ser uma fé sem pensar, sem questionar, e ainda assim a chance certamente surge, vez após vez de dizer: "Eu prefiro a Igreja à minha própria vontade," mesmo que seja quando trata-se apenas da pequena escolha entre ficar em casa em uma manhã de domingo ou ir a missa. E a escolha certa é a Igreja.

Dorothy Day (1897-1980) foi uma jornalista estadunidense, ativista social, anarquista, que posteriormente se converteu ao catolicismo. Na década de 1930, Day trabalhou para estabelecer o Movimento Operário Católico, um movimento não-violento e pacifista que continua a combinar ajuda direta aos pobres e desabrigados com ações diretas não violentas em seu favor.

Excerto traduzido e adaptado de: Day, Dorothy. The Long Loneliness: The Autobiography of the Legendary Catholic Social Activist . HarperCollins. Kindle Edition.

Seleção, adaptação e Tradução: Rafael Andrade Filho

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Moisés tira água da Rocha

François Perrier – Pintor (francês) / 1642

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