
AMIGO DE PUBLICANOS E PECADORES (Lc 7,31-35)
Sobre o Evangelho desta quarta-feira (18/09/2024)
De quem eles estavam falando? De Jesus de Nazaré. Este “rótulo” foi criado pelos adversários de Jesus, os fariseus e os homens do Templo. Ora, aquilo que parece uma ofensa é, na verdade, um elogio: eles chamam Jesus de amigo. E ser amigo é um dos maiores elogios que se possa fazer de alguém...
A palavra “amigo” (do latim amicus) é da mesma família que amor, amar, amizade, amistoso, amável. O amigo se opõe ao inimigo. O amigo está do nosso lado. Podemos contar com ele.
Não podemos esquecer que o próprio Jesus faz questão dessa amizade. No Evangelho de João, está registrada a sua declaração íntima e pessoal: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas eu vos tenho chamado amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai eu compartilhei convosco...” (Jo 15,15)
Sim, aí está uma prova da amizade de Jesus: ele compartilha conosco os “segredos” do Pai. A começar pela revelação de que nosso Deus não é o Júpiter Tonante, nem o Netuno com o tridente, nem o Marte dos campos de batalha... Nosso Deus é Pai. Podemos começar a conversa chamando-o de: Pai Nosso.
É bom lembrar a situação social dos publicanos no tempo de Jesus. Com a Palestina invadida e transformada em província do Império romano (ano 37 a.C.), cidadãos judeus aceitavam o servicinho sujo de cobrar impostos de seus compatriotas e repassar o dinheiro ao governo invasor (não sem antes desviar uma parte para sua própria bolsa). Colaboracionistas e traidores, era odiados pelos chefes judaicos. Ficavam automaticamente excluídos da “comunhão” e da sinagoga. Associados simplesmente aos ladrões, perdiam seus direitos cívicos e políticos.
E Jesus era amigo dos publicanos? Claro que sim! Chegou ao ponto de convocar um deles entre os doze apóstolos (cf. Mt 9,9). Jesus era amigo dos publicanos e dos pecadores. Jantava com eles (cf. Lc 15,1-2). Jesus é realmente amigo dos pecadores? Claro que sim! Deu a vida por eles... digo, por nós, os pecadores...
Como é difícil entender em profundidade a declaração explícita de Jesus Cristo: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento”. (Lc 5,31-32)
Orai sem cessar: “Vós sois meus amigos se fazeis o que vos mando.” (Jo 15,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.