CHAMA
POESIA E FÉCULTURAPR
Que somos nós? Que sopro o quanto somos
nos infundiu? E quem nos denomina?
De que abismos e incógnitas os pomos
tu és e eu sou? De que impossível mina
brotam do ser os impensáveis tomos?
De que não-ser nasce a luciferina
treva que um dia fui, que todos fomos?
E quem tal treva amolda e a translumina?
Que seremos ao fim desta jornada
cujo parto em olvido se derrama?
- o que éramos? – o caos, a noite, o nada?
E, se algo deste dédalo perdura,
que restará de nós além da chama
que nos incende a carne e a transfigura?
Anderson Braga Horta é poeta brasileiro, de Carangola, MG.