woman wearing dress statue

CRISTO TORNOU-SE SACERDOTE (Hb 5, 1-10))

LEITURAS DA LITURGIAPRHB 5

Papa Bento XVI - Joseph Ratzinger (1927-2022)

"Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens, nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo, quanto pelos seus próprios. Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: `Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei` Como diz em outra passagem: `Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec`. Palavra do Senhor." (Hb 5, 1-6)

A fé não é credulidade nem ingenuidade intelectual. É, como afirma a Carta aos Hebreus, "a certeza das coisas que se esperam, a convicção das coisas que não se veem." A fé tem a ver com aqueles aspectos da realidade que são essencialmente invisíveis, ou seja, coisas que, em princípio, estão além do nosso alcance e entendimento. É uma atitude confiante do espírito em relação a realidades que, dada a estrutura da realidade, não podem ser conhecidas ou controladas diretamente. Considere o exemplo usado pelo autor de Hebreus. "Pela fé, Abraão obedeceu quando foi chamado." Essa figura de Abraão é extremamente importante na tradição bíblica. Embora tivesse setenta e cinco anos, Abraão confiou no chamado do Senhor e deixou tudo para trás em busca da Terra Prometida. Ele compreendia claramente a Deus? Não. Ele via claramente para onde ia e o que o futuro lhe reservava? De jeito nenhum. Mas ele foi, com um espírito de confiança. Isso o tornou um homem de fé.

No sentido originário, não se trata nem mesmo de fidelidade a uma recordação, mas de confiança numa presença concreta: como Moisés confia na presença de Deus, e como aqueles cegos, aleijados, que foram curados por Jesus Cristo, confiavam no poder que Ele personificava. Esses personagens estão constantemente dizendo: “Eu não posso me curar a mim mesmo, mas você é filho de Deus, então você pode.” Isso não é crença numa doutrina ou dogma, mas uma fé no poder pessoal que está presente diante de você, uma interação direta com uma força viva e atuante. A verdadeira fé, assim, não é uma crença passiva, mas uma confiança ativa na presença real e na potência de Deus, que se manifesta através de alguém ou de algo ao nosso redor, levando-nos a abrir o coração e a confiar, mesmo sem ver totalmente o caminho ou entender completamente o que nos espera.

Excerto de RATZINGER, J. Jesus de Nazaré: Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição. 2. ed. São Paulo: Planeta, 2017. p 152-154.

VOLTAR AO MENU PRINCIPAL:

LEIA MAIS SOBRE A CARTA AOS EFÉSIOS: