CRISTOCENTRISMO INABALÁVEL

Nosso Princípio mais fundamental: Cristocentrismo Inabalável

ARTIGOSORAÇÃO E SANTIFICAÇÃO

Rafael Andrade Filho

      esus proclamou: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14:6). Para ser seu discípulo, é preciso fazer de Jesus Cristo o fundamento da nossa vida e proclamar o seu senhorio em todas os seus aspectos.

Assim como a rosácea da janela sul da catedral de Chartres (França - foto abaixo), uma alma bem ordenada assim como uma sociedade bem ordenada giram em torno do grande centro, que é Cristo.

J

Ele é o princípio em torno do qual tudo gira. Isso inclui a nossa vida pessoal e a nossa vida pública. O que a rosácea da foto nos mostra é a organização de tudo em equilíbrio, em torno do centro, que é Jesus Cristo. O santo é aquele cuja vida inteira é sobre uma coisa: Jesus, o Filho de Deus. Quando Jesus se torna o princípio fundamental sobre o qual tudo o mais se apoia, vivemos uma vida bem ordenada e bela: damos frutos.

Muitas vezes tentamos posicionar Jesus em um lugar da periferia, um lugar que nos deixe confortáveis. É por isso que muitas vezes continuamos os mesmos, fragmentados, sem unidade. No entanto, se queremos que Ele nos faça novos, santos e capazes de dar testemunho da verdade, devemos centralizar adequadamente nossas vidas em torno da única pessoa que nos pode tornar inteiros. Devemos permitir que Ele posicione tudo em nossas vidas ao seu redor. Isso requer muito mais do que um consentimento da mente à uma abstração lógica, mas sim, de encontrar o próprio Cristo e experimentá-lo. Trata-se de dar aquele passo que Simão deu para fora do barco, em direção ao mar profundo.

Qual é, então, a forma de buscar esse encontro? Pela Oração. A oração é o ato intencional de encontrar o nosso centro, Jesus Cristo. O mesmo centro criador do universo que também continua nos criando e nos sustentando o tempo todo, no Ser.

Para orar bem, três são os fundamentos mais importantes: 1) Arrange tempo suficiente; 2) torne-O presente e 3) seja sincero. Esse tema basilar, abordamos com mais profundidade em nossos encontros.

QUEM É JESUS CRISTO?

O Evangelho de São João começa com uma magnífica afirmação a respeito, não do ensinamento de Jesus, mas do seu ser, da sua identidade: "No princípio era o Verbo (o Logos divino), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no principio junto com Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito de tudo que foi feito... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós..." (Jo 1:1-14), implicando assim uma identidade ontológica (de mesma natureza) entre Jesus e Deus. "Eu e o Pai somos um" (Jo 10:30).

Para expressar verdadeiramente a centralidade de Cristo, nunca devemos nos relacionar com Ele e apresentá-lo como menos do que Ele é: Ele é o Deus verdadeiro, o Logos divino, a razão de ser de todas as coisas, a lógica por de trás de toda realidade. Se o consideramos menos que isso, nosso caminho para santidade e nossa missão estarão comprometidas.

CRISTO É O SENHOR!

Depois de saber quem Cristo é, para que Ele se torne o centro de nossa vida, devemos aceitar essa relação pessoal nos termos em que ela deve ser. Se Ele é Deus, a nossa vida não nos pertence, pertence a Ele. Devemos, portanto, reconhecê-lo como o Senhor da nossa vida. Não como um Senhor que explora seu servo, mas como o nosso próprio fundamento. O Senhor que é o Amigo que mais nos ama. "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. (Jo 15:15). Em Cristo, como o Senhor de nossa vida, é que encontramos a verdadeira liberdade.

Se olharmos para os cristãos do primeiro século, vemos uma frase recorrente: Kyrios Christos. Cristo é o Senhor. Cristo se junta a cada aspecto de nossa vida e nos convida a proclamar a sua realeza sobre eles.

QUE IMPLICAÇÕES ISSO TEM EM NOSSAS VIDAS COMO EVANGELIZADORES?

No Evangelho de Lucas, ouvimos que um homem disse a Jesus: "Eu te seguirei aonde quer que você vá". E Jesus responde: "Raposas têm tocas e pássaros do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde descansar a cabeça" Nesta declaração bastante chocante, Cristo desafia nossas noções do que significa segui-lo verdadeiramente. Estamos realmente preparados para a mudança de mudança de vida que está ligada a fazer de Cristo o centro de nossa vida?

Ao colocar Cristo no centro, devemos estar preparados para suprimir o nosso ego, o qual busca se colocar no centro do universo. Essa transformação nos vem pela graça e pela ação do Espírito Santo.

O que é que Cristo tantas vezes repete àqueles que o encontram? "Não temas". "A paz esteja convosco". Ele oferece uma paz que nos permite florescer de maneira ordenada, uma paz de alma que tantas vezes buscamos nos prazeres. No entanto, em Cristo, colocamos adequadamente esses prazeres, esses desejos, em torno da própria Pessoa que os ordenará corretamente.

Uma representação artística que reflete intensamente esse chamado é encontrada na "Incredulidade de São Tomé", de Caravaggio (Foto do cabeçalho). Nesta representação corajosa, vemos o apóstolo Tomé, que desafiou veementemente a realidade da ressurreição de Cristo. E, no entanto, em um convite à crença, Cristo mergulha o dedo de Tomé em Seu lado, despertando assim os sentidos de Tomé para o verdadeiro Jesus, o Deus Encarnado, que deseja uma relação pessoal conosco.

Em outras palavras, o que Cristo está fazendo é nos chamar para algo maior. Algo mais gratificante. Algo além de nossa compreensão imediata. Ele está nos chamando para o G. K. Chesterton descreveu como uma aventura. Jesus deseja nos tirar da monotonia de uma vida sem Ele.

O cristianismo é portanto um encontro. Um encontro com a verdadeira figura dos Evangelhos. Se diluirmos o Cristo, teremos nada mais do que uma distorção achatada e reducionista Dele e, então, perderemos a base central do nosso projeto: o verdadeiro Jesus. Jesus é o fundamento do cristianismo.

Ao longo dos séculos, vemos aqueles que dedicaram suas vidas ao Cristo, homens e mulheres que se dedicaram a fazer Dele o centro e a anunciá-lo como Senhor. Essas almas não teriam dado tanta honra e devoção – nem mesmo seu próprio sangue – se não tivessem experimentado um encontro com o verdadeiro Jesus.

O NOSSO APOSTOLADO

Como membros deste apostolado, devemos prestar atenção às palavras de São João Paulo II em sua encíclica Redemtoris missio: "Uma característica essencial da espiritualidade missionária é a íntima comunhão com Cristo" (RM n. 88).

Um evangelizador deve ser capaz de expressar a sua fé, empenhar-se na apologética, oferecer avaliações culturais e ordenar a sua vida de acordo com Jesus, o que vem de uma vida dedicada à uma relação pessoal com Ele, na oração.

O membro deste apostolado deve expressar Jesus de uma maneira autenticamente bíblica, nunca fugindo da fascinante e assustadora realidade de quem Ele era.

A pedra angular é aquela que deve nortear toda e qualquer faceta do nosso zelo evangélico. Queremos missionários cujas vidas sejam sobre uma coisa. Você está preparado para abraçar Jesus como o seu centro?