
DEVO ANUNCIAR A BOA NOVA DO REINO DE DEUS (Lc 4,38-44)
Sobre o Evangelho desta quarta-feira (04/09/2024)
Depois de atender a inúmeras pessoas, curando doenças e infestações malignas, Jesus se isola da multidão ansiosa por mais favores. É que ele tem um “favor” maior, uma graça incomparável: anunciar o reino de Deus. “É para isso que eu vim...”
Estamos diante de uma questão de hierarquia que não pode ser ignorada: o que é mais importante? Curar os corpos ou preparar os corações para o encontro com Deus? Expulsar demônios ou abrir as almas para o amor do Pai? Jesus fez sua escolha.
Em todos os tempos, ao correr dos séculos, a Igreja também se viu pressionada entre muitos chamados conforme as circunstâncias de cada época. Desse “cerco” da realidade surgiu seu envolvimento com escolas, universidades, hospitais, asilos, construções e – por que não lembrar? – cruzadas e guerras. Mas uma constante sempre se manteve em paralelo com todas essas eventualidades: o seu papel de Mestra. Seu magistério. Aliás, a Igreja poderia abrir mão de todos esses serviços, mas ainda se manteria íntegra ao continuar o seu papel de educadora da humanidade enquanto portadora e anunciadora do Evangelho de Jesus Cristo.
Em sua encíclica “Redemptoris Missio” (1990), o Papa João Paulo II nos lembrava: “Cristo proclamou-se Filho de Deus, intimamente unido ao Pai e, como tal, foi reconhecido pelos discípulos, confirmando as suas palavras com milagres e sobretudo com a ressurreição. A Igreja oferece aos homens o Evangelho, documento profético, capaz de corresponder às exigências e aspirações do coração humano: é e será sempre a Boa Nova. A Igreja não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelar a face de Deus, e merecer, pela cruz e ressurreição, a salvação para todos os homens”. (RM, 11)
Jesus usa o verbo “dever”: eu DEVO anunciar a Boa Nova. Pois este é também o principal DEVER da Igreja: anunciar o Evangelho, evangelizar em todos os níveis, desde o querigma e a catequese, sem excluir a apologética e a experiência de vida cristã, a celebração dos sacramentos e a integração na comunidade eclesial.
No fim da estrada, o Senhor não vai perguntar por nossos templos de pedra nem pelo luxo de nossas liturgias. A pergunta será uma só: “Anunciou o meu Evangelho?”
Orai sem cessar: “Fala e não te cales!” (At 18,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança


IMAGEM DE CAPA:
Flevit super illam (Latin); Ele Chorou sobre ela
Enrique Simonet / França /1892
Óleo sobre Tela
305 x 555 cm
Museo do Prado, Madri, Espanha