
E DEU-LHES PODER... (Lc 9,1-6)
Sobre o Evangelho desta quarta-feira... (24/09/2024)
Toda ação da Igreja se realiza no poder que lhe foi dado por Jesus. Lucas anota nos Atos dos Apóstolos: “O temor se apossava de todos os espíritos, porque numerosos eram os prodígios e sinais realizados pelos apóstolos” (At 2,43). Filipe, em Samaria, operava milagres (At 8,6). O mago Simão quis comprar esse poder com dinheiro: “Dai-me também a mim esse poder” (At 8,19).
Aliás, o próprio Jesus já havia alertado para esse potencial de seus seguidores: “Quem crê em mim farás as obras que faço, e fará até maiores do que elas” (Jo14,12). E é uma pena que aqueles que dizem ter fé não usam dos poderes que Jesus lhes deu... Ou será que não creem mais?
De que poder estamos falando? Do poder de Deus. Um poder colocado ao nosso alcance. O mesmo poder manifestado em Jesus de Nazaré. Com a Encarnação e a kênosis (o abaixamento) do Verbo, ele assume as limitações humanas de tempo e espaço, restringindo de certa forma o seu divino poder. Mas isto não impede que ele o transmita a seus discípulos em missão. E por isso é que estes têm poder até sobre os maus espíritos.
Helmut Gollwitzer comenta francamente que Jesus “institui para a expansão da Igreja a ordem segundo a qual homens serão conquistados pelo Evangelho, não por uma força anônima, impessoal ou mística, mas por intermédio de simples mensageiros humanos”. Ao celebrar os sacramentos e pregar a Palavra de Deus, a Igreja atualiza esse poder que brota do Ressuscitado. E os homens e mulheres da Igreja não podem agir como meros funcionários, mas como transmissores de uma força divina que os ultrapassa em sua frágil humanidade.
O apóstolo Paulo tem consciência disso quando fala: “desse Evangelho eu me tornei ministro, pelo dom da graça de Deus que me foi concedida pela operação do seu poder” (Ef 3,7). Logo, trata-se um “poder operante”, ou seja, que se manifesta em atos e obras. E Paulo chega a fazer disso um verdadeiro lema: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13).
Que devemos concluir? Ora, chega de reclamar dos “poderes” deste mundo. Lamentar a força corruptora da sociedade pagã. Gemer diante do cerco da mídia ateísta. Cristo nos deu todo o poder necessário para cumprir nossa missão de evangelizar. Ele nos repetiria o que disse a Paulo: “Fala e não te cales!” (At 18,9).
Orai sem cessar: “Eu cri, por isso falei...” (2Cor 4,13)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
IMAGEM DE CAPA:
Jesus e apóstolos [Afresco na Capadócia]
Autor desconhecido/ Capadócia / Sec. XII

