
E ELA SE LEVANTOU... (Mt 9,18-26)
Sobre o Evangelho desta segunda-feira (08/07/2024)..
OS EVANGELHOSMT 9


Vale a pena visualizar a cena: um agrupamento de gente de cenho fechado, os tocadores de flauta, as carpideiras profissionais em ação, um grande tumulto. E a menina dorme...
Os adultos já estão celebrando a morte, como gosta de fazer a sociedade deste século, prestando culto a essa “divindade” que ronda a existência humana. Estamos diante do irremediável. E a menina dorme...
Existe uma espécie de atração pela morte, pelas desgraças, pelas catástrofes – isto explica o teor e o “clima” dos noticiários de TV. Esta atração pode revestir-se até mesmo de máscaras “científicas”, como o buraco da camada de ozônio, o aquecimento global, a elevação do nível dos oceanos. Não estou negando a realidade (ou a possibilidade) de tais fenômenos, mas apenas traduzindo a insistência nesses temas como um gosto pelo apocalipse. No fundo, é o desespero entrando em cena.
Afinal, ainda existe um Deus da vida? O Deus Criador abandonou sua criação e deixará que ela se transforme em pó? Ou o mesmo Criador será também o Restaurador, capaz de “fazer novos céus e nova terra”, capaz de “fazer novas todas as coisas”?
A sociedade (sem excluir certos setores da Igreja) está vivendo como se não existisse futuro. Sinais disso? A epidemia da droga, a recusa de filhos, as opções de vida puramente imediatistas, entre muitos outros.
Ora, a menina não morreu. Apenas dorme. O chefe da sinagoga não abriu mão da esperança: “Vem, põe tua mão sobre ela, e ela reviverá!” E Jesus vai atender a este ato de fé. Jesus começa por “limpar a área”: aquela multidão de adoradores da morte seriam impedimento para sua ação.
Como reagem os adoradores da morte? Zombam de Jesus. Eles creem no poder da morte. Não creem na fonte da vida. E o mesmo Senhor da vida, que roubaria da morte o filho da viúva de Naim e o amigo Lázaro de Betânia, entra em ação: pega a menina pela mão e esta se põe de pé.
Como comenta G. Dehn, existe aqui bem mais que um milagre extraordinário: é preciso ver neste relato o anúncio do mundo novo de Deus que está chegando, e do qual Cristo é o Rei. Jesus penetra no reino da morte com soberana autoridade e facilidade. Os ícones orientais da Anástasis ressurreição) mostram Cristo arrombando o Xeol e devolvendo Adão à vida. Quem não crer nessa vida nova não é cristão.
Orai sem cessar: “Senhor, vós mudastes meu luto em dança!” (Sl 30,12)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
Imagem de Capa:
A ressurreição da filha de Jairo/ Gerbrand van den Eeckhout / 1640-1674
Material: pintura a óleo em tela.
Dimensões 35 cm x 44,3 cm
Coleção Privada.