ESCONDESTE ESTAS COISAS AOS SÁBIOS... (Mt 11,25-27)

Sobre o Evangelho desta quarta-feira (17/07/2024)

OS EVANGELHOSMT 11

Antonio Carlos Santini

7/16/20242 min ler

Existe uma ciência que vem de Deus. São Paulo a identifica como um dom do Espírito Santo (cf. 1Cor 12,8). O cristão beneficiado com este dom sabe que não é dono dele e, por isso mesmo, une a humildade à gratidão.

Existe também uma ciência puramente “humana”, construída com razões e conceitos, filosofias e diplomas, polêmicas e logomaquias. Paulo apóstolo diz que esta ciência “incha” (1Cor 8,1).

Todos sabem que a primeira ciência faz os santos. A segunda faz proliferar os hereges. A ciência divina gera a unidade. A ciência humana semeia a divisão e a discórdia, forma partidos e escolas, troca a verdade pelo palpite.

Comentando este Evangelho, Hans Urs von Balthasar diz: “Tudo vem do Pai. Jesus, o revelador, agradece ao Pai por aquilo que ele mesmo possa ser. E já está previsto no plano do Pai que Jesus não irá atingir ‘os sábios e os sabidos’ com sua revelação. É que estes pensam que sabem tudo, e sabem melhor que os outros, mas atingirá os ‘pequeninos’, isto é, aqueles que não se abriram à teologia dos ‘doutores da lei’, assim como os ‘pobres em espírito’, como os ‘doentes’ que interrogam o médico com o olhar, como as ‘ovelhas esgotadas’ que não têm pastor”.

Uma rápida varredura na História da Igreja nos mostrará que todo erro e desvio da doutrina recebe de início uma advertência da hierarquia. Somente a obstinação no erro dará espaço à condenação e ao anátema. Os humildes se inclinam ao magistério eclesial e permanecem no redil. O “inchado” prefere a excomunhão.

A pobreza de espírito é, no fundo, uma permanente abertura à verdade. Uma vacina contra o erro. Prossegue von Balthasar: “Estes pobres possuem um espírito aberto e não entupido de mil teorias; mesmo que eles sejam desprezados pelos sabidos, Deus os reservou como destinatários de sua revelação”. O teólogo suíço ainda chama nossa atenção para um fato: em sua humanidade e rebaixamento, o Filho – tanto como mediador do Pai como em razão de seus próprios sentimentos, - só pode ser compreendido pelos “pequeninos” aos quais ele se dirige.

Um retiro espiritual seguido de uma confissão geral pode formar um bom cristão. Um curso de teologia para leigos pode gerar um bando de pavões. São Paulo adverte aqueles que “se baseiam em pretensas visões, deixando-se ingenuamente inchar-se de orgulho por sua mente carnal” (Cl 2,18b).

Orai sem cessar: “O Senhor ampara os humildes.” (Sl 147,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Imagem de Capa:

Bois Arando / Rosa Bonheur / 1854-1899