
EXPULSAVAM MUITOS DEMÔNIOS... (Mc 6,7-13)
Sobre o Evangelho deste Domingo (14/07/2024)
OS EVANGELHOSMC 6
Sei que os demônios estão fora de moda. “O Exorcista” não aparece mais nas telas de cinema. Teólogos dedicam todo o seu engenho em des-mitificar o Evangelho. Não que faltem demônios, como terroristas com seus carros-bomba, médicos que fazem tráfico de órgãos e políticos corruptos que sugam o sangue do povo. Mas é missão da Igreja limpar o ambiente de todo espírito mau...
Neste Evangelho, os primeiros “enviados” de Jesus Cristo fazem muito bem este trabalho de “limpeza”. Ao comentá-lo, Frei Raniero Cantalamessa observa que “o missionário do reino, forte graças à palavra libertadora de Jesus, pode exorcizar esses espíritos, mas, para fazê-lo, deve falar em espírito e poder; isto é, deve estar animado de autêntico espírito profético”.
Isto devia abrir nossos olhos: com que “espírito” pretendemos ocupar o espaço hoje ocupado pelos “espíritos” malignos que contaminam e infestam todas as estruturas da sociedade, sejam elas políticas, econômicas ou culturais? A natureza tem horror ao vácuo. A casa limpa não ficará vazia (cf. Lc 11,25).
Frei Raniero Cantalamessa prossegue: “Só o Espírito de Cristo ressuscitado pode dar a força suficiente para fazer denunciar com vigor tais coisas, sem cair no moralismo, antes, inspirando em quem o escuta o gosto de uma autêntica liberdade interior”.
O apóstolo de hoje, “enviado” na mais legítima continuidade da tradição dos Doze primeiros, encontra os mesmos obstáculos dos primeiros tempos: aqueles demônios que se encarnam nos pecados capitais: a avareza, o ódio, a gula, a inveja, a luxúria. Antes, um mundo pagão; hoje, neopagão. Mas os demônios são os mesmos...
Frei Cantalamessa vem nos dissuadir de adotar os atalhos da propaganda e do proselitismo. Ele deve estranhar muito o engano que temos cometido de fazer “marketing” católico como remédio para a progressiva descristianização e o esvaziamento dos templos. Não é por aí!
“Tudo isso não se improvisa; é preciso começar de longe, ressuscitando nos batizados sua consciência de ser povo profético, chamado das trevas à luz para proclamar as obras maravilhosas do Senhor (cf. 1Pd 2,9), dando à preparação dos futuros anunciadores um caráter cada vez mais espiritual e carismático, insistindo no papel do Espírito Santo no anúncio da Palavra de Cristo.”
Orai sem cessar: “Aqui estou, envia-me!” (Is 6,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.