close-up photography of gold-colored and black sword

GUARDA TUA ESPADA! (Jo 18, 1 - 19, 42)

Antonio Carlos Santini

4/18/2025

Cresce cada vez mais no planeta o conceito de que é preciso abolir as religiões para que a sociedade possa, enfim, viver em paz. Os novos fiéis dessa crença antirreligiosa examinam a História e pretendem que os conflitos humanos brotam das diferenças na fé. Os recentes casos de terrorismo islâmico sustentariam seu argumento.

Se possível, pediria ajuda aos arqueólogos, e eles nos mostrariam as lanças e os tacapes dos trogloditas em um estrato de tempo ainda não visitado pelos pajés e sacerdotes. Falando mais claro: muito antes de erguerem o primeiro altar, os homens já se esfolavam mutuamente pelo controle de um território ou de um rebanho de carneiros. A violência está na posse, no domínio e no poder, não nos louvores ao Criador.

Hoje, Sexta-feira da Paixão, a liturgia orienta nossos olhos para o drama do Calvário. Ali, o Filho que nos foi enviado pelo Pai é preso, arrastado de tribunal em tribunal e, enfim, assassinado cruamente com a chancela do governador romano e o aplauso do Sumo Sacerdote judeu. Justo e inocente, Jesus é sacrificado para que se mantenham intactas as vantagens e conveniências dos dirigentes da Palestina.

No momento de sua prisão, Simão Pedro saca da espada e fere um dos esbirros que prendiam o Mestre. De pronto, Jesus reage e ordena: “Guarda a tua espada na bainha!” (Jo 18,11) No Evangelho de Mateus, Jesus acrescenta: “Todos os que usam da espada, morrerão pela espada”. (Mt 26,52) Bastam estas duas frases para ficar bem claro que a “religião” de Jesus não tem nenhuma afinidade com a violência e a força das armas. Se alguém invocasse seu Evangelho como pretexto para invadir, atacar e ferir, estaria fraudando a mensagem de Cristo.

Ainda no Evangelho de hoje (cf. Jo 18,36), Jesus dialoga com Pôncio Pilatos, que o interroga. E diz com todas as letras: “O meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus”. Como foi possível que a mensagem de Jesus fosse deturpada a tal ponto, que acabasse invocada como justificativa para conquistar lugares sagrados, impor uma religião de Estado ou perseguir dissidentes? Como é possível que ainda hoje tentem ideologizar o Evangelho para transformá-lo em arma de revolução social?

A leitura da Paixão de Cristo deve dar-nos força para encarar a realidade: o cristão é chamado a ser vítima, não carrasco. O lado do cristão é o lado dos vencidos, não dos dominadores. Quem se aproxima de Jesus à espera de um trono de poder ou, pelo menos, de uma subsecretaria, não entendeu nada do Evangelho. A “vitória” que Cristo nos oferece não virá antes do Calvário.

Seguir Jesus é abraçar a cruz...

Orai sem cessar: “Como cordeiro ao matadouro, ele ficou calado...” (Is 53,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de João, Cap. 18, 1-19.

A prisão de Jesus —1 Tendo dito isso, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou com seus discípulos. 2 Ora, Judas, que o estava traindo, conhecia também esse lugar, porque, frequentemente, Jesus e seus discípulos aí se reuniam. 3 Judas, então, levando a coorte e guardas destacados pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus, aí chega, com lanternas, archotes e armas. 4 Sabendo Jesus tudo o que lhe aconteceria, adiantou-se e lhes disse: “A quem procurais?” 5 Responderam: “Jesus, o Nazareno”. Disse-lhes: “Sou eu”. Judas, que o estava traindo, estava também com eles. 6 Quando Jesus lhes disse “Sou eu”, recuaram e caíram por terra. 7 Perguntou-lhes, então, novamente: “A quem procurais?” Disseram: “Jesus, o Nazareno”. 8 Jesus respondeu: “Eu vos disse que sou eu. Se, então, é a mim que procurais, deixai que estes se retirem”, 9 a fim de se realizar a palavra que diz: Não perdi nenhum dos que me deste. 10 Então, Simão Pedro, que trazia uma espada, tirou-a, feriu o servo do Sumo Sacerdote, a quem decepou, a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Jesus disse a Pedro: “Embainha a tua espada. Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu?”

Jesus diante de Anás e Caifás. Negações de Pedro —12 Então a coorte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam a Jesus e o ataram. 13 Conduziram-no primeiro a Anás, que era sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote daquele ano. 14 Caifás fora o que aconselhara aos judeus: “É melhor que um só homem morra pelo povo”. 15 Ora, Simão Pedro, junto com outro discípulo, seguia Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. 16 Pedro, entretanto, ficou junto a porta, de fora. Então, o outro discípulo, conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, falou com a porteira e introduziu Pedro. 17 A criada que guardava a porta diz então a Pedro: “Não és, tu também, um dos discípulos deste homem?” Respondeu ele: “Não sou”. 18 Os servos e os guardas tinham feito uma fogueira, porque estava frio; em torno dela se aqueciam. Pedro também ficou com eles, aquecendo-se. 19 O Sumo Sacerdote interrogou Jesus sobre os seus discípulos e sobre a sua doutrina.

Palavra da Salvação.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

JESUS CRISTO CARREGANDO A CRUZ

Ticiano / 1565

Óleo sobre tela

139 x 283 cm

Museu do Prado, Madri, Espanha.

close-up photography of gold-colored and black sword
close-up photography of gold-colored and black sword

VOLTAR AO MENU PRINCIPAL:

LEIA MAIS CONTEÚDO SOBRE O EVANGELHO DE SÃO JOÃO: