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INFERNO: SEPARADOS DA PRESENÇA DO SENHOR (2Ts 1-9)

Papa João Paulo II

8/26/20241 min ler

Deus é Pai infinitamente bom e misericordioso. Mas o homem, chamado a responder-Lhe na liberdade, pode infelizmente optar por rejeitar de maneira definitiva o Seu amor e o Seu perdão, subtraindo-se assim, para sempre, à alegre comunhão com Ele. Precisamente esta trágica situação é apontada pela doutrina cristã, quando fala de perdição ou inferno. Não se trata de um castigo de Deus infligido a partir do exterior, mas do desenvolvimento de premissas já postas pelo homem nesta vida. A própria dimensão de infelicidade que esta obscura condição traz consigo, pode ser de algum modo intuída à luz de algumas das nossas terríveis experiências, que tornam a vida, como se costuma dizer, um «inferno»...

Quem, portanto, se obstina a não abrir-se ao Evangelho predispõe-se a «uma ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória do seu poder» (2 Ts 1, 9).

As imagens com que a Sagrada Escritura nos apresenta o inferno devem ser interpretadas de maneira correcta. Elas indicam a completa frustração e vazio de uma vida sem Deus. O inferno está a indicar, mais do que um lugar, a situação em que se vai encontrar quem de maneira livre e definitiva se afasta de Deus, fonte de vida e de alegria. Assim resume os dados da fé sobre este tema o Catecismo da Igreja Católica: «Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus é a mesma coisa que morrer separado d'Ele para sempre, por livre escolha própria. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra "Inferno"»

A «perdição» não deve, por isso, ser atribuída à iniciativa de Deus, pois no Seu amor misericordioso Ele não pode querer senão a salvação dos seres por Ele criados. Na realidade, é a criatura que se fecha ao Seu amor. A «perdição» consiste precisamente no definitivo afastamento de Deus, livremente escolhido pelo homem e confirmado com a morte que sela para sempre aquela opção. A sentença de Deus ratifica este estado.