
JOIO NO MEIO DO TRIGO (Mt 13,24-30)
Sobre o Evangelho deste sábado (27/07/2024)
OS EVANGELHOSMT 13
Joio e trigo são parecidos. Quando brotam, é praticamente impossível distinguir entre eles. Quando crescem, porém, o trigo se abre em espigas, mas o joio é estéril. Pior: ao crescer mais rápido, o joio sufoca o trigo...
Pode parecer apenas mais uma entre tantas parábolas do Mestre de Nazaré, mas é a imagem perfeita da situação que vivemos no mundo: bem e mal lado a lado e, tantas vezes, o mal apresentado como um bem...
Anuncia-se um filme de caráter “romântico”. Paisagem com flores, gente jovem e bonita. Mas não demora, e o romantismo se corrompe na mais sórdida luxúria. Compra-se um livro apresenta do como “histórico”. Dez páginas adiante, as mais grosseiras calúnias contra a Igreja. Parecia trigo... era joio...
Muitas das “bandeiras” hoje defendidas nos meios de comunicação e nas redes sociais são apresentadas como um bem para a sociedade, os mais lídimos direitos do homem e da mulher. E que encontramos entre eles? A requisição do direito de matar um feto no ventre da mãe, sob a alegação absurda: “O corpo é meu!” A conveniência de eliminar os mais idosos: “são improdutivos!” A proposta de usar como cobaias embriões humanos: “ainda não são pessoas!”
No texto da parábola, lemos a indicação bem precisa sobre a origem do joio: “Foi algum inimigo que fez isso” – explica o dono do campo. Sim, o campo tem um Dono (do latim, “Dominus” = Senhor). E existe um “inimigo”, o mal personificado, que se rói de inveja diante da semeadura do bem, da expectativa dos grãos, da esperança do pão que vem matar a fome da Humanidade.
Os Padres da Igreja chamam nossa atenção para a insidiosa ação falsificadora do inimigo. Incapaz de criar, ele busca “imitar” o bem, corrompendo-o. A posse é boa, ele a exacerba. O sexo é bom, ele o apodrece. S. João Crisóstomo comenta: “Por isso ele se serve de outra artimanha, inserindo sua própria semente, um simulacro muito parecido, que engana facilmente os que são propensos a serem iludidos. [...] Tal é a malícia do diabo: semeia quando tudo já estava pronto, para causar mais dano ao esforço do agricultor”. (Hom. In Matth., 46,1)
A missão do evangelizador inclui o trabalho de ajudar a distinguir entre joio e trigo. Com a luz da Palavra de Deus, ele leva a perceber as sombras que envolvem a realidade e a desmascarar as mentiras e falácias dos inimigos do Bem. Virá o dia da colheita: o joio será lançado ao fogo...
Orai sem cessar: “Quem semeia entre lágrimas colherá com alegria!” (Sl 126,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.


Imagem de Capa
Vista de Arles dos Campos de Trigo / Vincent Van Gogh/ 1888
Material: óleo sobre tela
Dimensões: 54 x 73 cm
Museu Rodin, Paris, França