
NO DIA DO JUÍZO... (Lc 11,29-32)
Reflexão sobre o Evangelho desta Segunda-Feira (14/10/2024), de Lucas 11, para catequese, evangelização, encontros da Igreja e aplicação na vida diária do Cristão.
Todo cristão, ao rezar o Símbolo dos Apóstolos, afirma crer que Jesus há de vir para julgar os vivos e os mortos. Mas muita gente parece antecipar o seu próprio julgamento quando recusa a salvação oferecida pelo Senhor. Infelizmente, nem precisarão esperar pelo Juízo Final...
Curiosamente, pode ocorrer que “os de casa” desperdicem as oportunidades de salvação, enquanto “os de fora” acabem por aproveitá-las. Foi assim no tempo de Jesus.
Era numerosa a multidão que acorria a Jesus de Nazaré, mas no meio dela se encontravam adversários como os fariseus, inimigos como os saduceus, oportunistas e aproveitadores de todo tipo, à espera de algum benefício do Mestre, mas sem a mínima disposição para mudar de vida e atender ao apelo: “Convertei-vos! O Reino de Deus está próximo!” (Mt 4,17)
Ao contrário, enquanto “os seus” o rejeitavam (inclusive familiares!) houve “estrangeiros” que acolheram sua palavra, como a samaritana do poço de Jacó e o centurião do Calvário. Em várias passagens do Evangelho, Jesus manifesta nítida surpresa ao ver a fé de estrangeiros, como a “grega” de Mc 7,26 e o soldado romano de Mt 8,10.
No Evangelho de hoje, para desgosto de seus compatriotas, Jesus cita de modo explícito dois exemplos de estrangeiros - gente que não pertencia ao orgulhoso Povo Escolhido da Primeira Aliança, mas demonstrou abertura às novidades de Deus. Foi o caso dos habitantes de Nínive, acolhendo a pregação de Jonas (cf. Jn 3,5ss), e o da Rainha de Sabá (cf. 1Rs 10), que viu pessoalmente a sabedoria de Salomão e proclamou este louvor: “Bendito seja o Senhor teu Deus, a quem agradaste e que te colocou no trono de Israel!”
Estas palavras de Jesus se encaixam no contexto em que seus adversários cobravam dele um “sinal” – isto é, um milagre ou fenômeno que comprovasse sua origem divina. E ele recusa qualquer sinal àquela geração que ele definiu como “perversa”.
Qual foi a perversão deles? A recusa frontal do Salvador que o Pai lhes havia enviado. E assim se cumpriria a reviravolta registrada pelo apóstolo Paulo: “Os pagãos tiveram acesso à salvação para excitar os ciúmes de Israel” (Rm 11,11).
E nós? Ainda precisamos de sinais? Repetiremos a recusa de Israel?
Orai sem cessar: “Eu anseio pela tua salvação!” (Sl 119,81)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Afresco do Katholikon do mosteiro de São Nicolau Anapafsas, na Grécia - Mostrando o profeta Jonas sendo "vomitado" na praia de Nínive.
Teófanes Strelitzas/ Grécia / 1507
É a obra mais antiga conhecida do grande artista e chefe da escola cretense, Teófanes; «do melhor hagiógrafo» como caracterizou o seu filho, o monge Neófito, na inscrição da igreja de Nossa Senhora de Kalambaka, na Grécia.

