
O DEUS DE ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ (Ex 3, 15)
LEITURAS DA LITURGIAÊXODOPR
Papa Francisco (1936-2025)
Disse Deus ainda a Moisés: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘Iahweh, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó me enviou até vós. Este é o meu nome para sempre, e esta será a minha lembrança de geração em geração." (Ex 3, 15)
Não estamos isolados e não somos cristãos individualmente, cada um por conta própria; não, nossa identidade cristã é pertencer! Somos cristãos porque pertencemos à Igreja. É como um sobrenome: se o primeiro nome é "Eu sou cristão", o sobrenome é "Eu pertenço à Igreja". É tão bonito observar como esta pertença se exprime também no nome que Deus dá a si mesmo. Em resposta a Moisés naquele maravilhoso episódio da "sarça ardente", ele se define como "o Deus de seus antepassados". Ele não diz: Eu sou o Onipotente ... não: "Eu sou ... o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó." Deste modo, revela-se como o Deus que fez uma aliança com os nossos pais e permanece sempre fiel ao seu pacto, e chama-nos a entrar nesta relação que nos precede. Esta relação de Deus com o seu povo precede-nos a todos, desde aquela época.
Em tal sentido o pensamento dirige-se, em primeiro lugar, com gratidão àqueles que nos precederam e que nos acolheram na Igreja. Ninguém se torna cristão por si só! É claro isto? Ninguém se torna cristão por si só! Os cristãos não se fazem no laboratório. O cristão faz parte de um povo que vem de longe. O cristão pertence a um povo que se chama Igreja, e é esta Igreja que o faz cristão, no dia do Baptismo e depois no percurso da catequese, e assim por diante. Mas ninguém se torna cristão por si só! Se cremos, se sabemos rezar, se conhecemos o Senhor, se podemos ouvir a sua Palavra, se O sentimos próximo de nós e se O reconhecemos nos irmãos, é porque outros, antes de nós, viveram a fé e porque depois no-la transmitiram. Nós recebemos a fé dos nossos pais, dos nossos antepassados; foram eles que no-la ensinaram.
Se pensarmos bem, quem sabe quantos rostos de entes queridos passam diante dos nossos olhos neste momento! Pode ser o rosto dos nossos pais que pediram o Baptismo para nós; o dos nossos avós ou de algum familiar que nos ensinou a fazer o sinal da cruz e a recitar as primeiras orações. Recordo-me sempre do rosto da religiosa que me ensinou o catecismo, vem sempre ao meu pensamento — indubitavelmente, ela está no Céu, porque é uma mulher santa — mas eu recordo-me sempre dela e dou graças a Deus por esta religiosa. Ou então o rosto do pároco, de outro sacerdote, ou de uma religiosa, de um catequista, que nos transmitiu o conteúdo da fé e nos fez crescer como cristãos... Eis, esta é a Igreja: uma grande família na qual somos acolhidos e aprendemos a viver como crentes e discípulos do Senhor Jesus.
Excerto da AUDIÊNCIA GERAL do PAPA FRANCISCO. Praça de São Pedro, Quarta-feira, 25 de Junho de 2014
Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140625_udienza-generale.html