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O GRANDE MISTÉRIO (Ef 5,21-33)

Sobre a Liturgia da Palavra desta terça-feira (29/10/2024), primeira leitura, de Efésios 5, para catequese, evangelização, encontros da Igreja e aplicação na vida diária do Cristão.

LEITURAS DA LITURGIAEF 5A IGREJA E OS FUNDAMENTOS DA FÉPR

Papa João Paulo II

10/29/20242 min ler

São Paulo sintetiza o tema da vida familiar com a expressão: « grande mistério » (Ef 5, 32). O que ele escreve na Carta aos Efésios sobre este «grande mistério», apesar de radicado no livro do Génesis e em toda a tradição do Antigo Testamento, apresenta todavia uma configuração nova, que encontrará depois explicitação no magistério da Igreja.

A Igreja professa que o matrimónio, como sacramento da aliança dos esposos, é um «grande mistério», porque nele se exprime o amor esponsal de Cristo pela sua Igreja. Escreve S. Paulo: «Maridos, amai as vossas mulheres como também Cristo amou a Igreja, e por ela Se entregou, para a santificar, purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida» (Ef 5, 25-26). O Apóstolo fala aqui do Baptismo, de que trata amplamente na Carta aos Romanos, apresentando-o como participação na morte de Cristo para partilhar da sua vida (cf. Rom 6, 3-4). Neste sacramento, o fiel nasce como um homem novo, já que o Baptismo tem o poder de comunicar uma vida nova, a própria vida de Deus. O mistério teândrico do Deus-homem está, em certo sentido, compendiado no evento baptismal: «Jesus Cristo, Senhor nosso, Filho de Deus — dirá mais tarde S. Ireneu e, com ele, muitos outros Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente — tornou-se filho do homem, para que o homem possa tornar-se filho de Deus» (44).

Assim, o Esposo é o próprio Deus que se fez homem. Na Antiga Aliança, Jahvé apresenta-se como o Esposo de Israel, povo eleito: um Esposo terno e exigente, ciumento e fiel. Todas as traições, deserções e idolatrias de Israel, descritas dramática e sugestivamente pelos Profetas, não conseguem apagar o amor com que Deus-Esposo «ama até ao fim» (cf. Jo 13, 1).

A confirmação e o cumprimento da comunhão esponsal entre Deus e o seu povo verificam-se em Cristo, na Nova Aliança. Jesus assegura-nos que o Esposo está connosco (cf. Mt 9, 15). Está com todos nós, está com a Igreja. A Igreja torna-se esposa: esposa de Cristo. Esta esposa, de que fala a Carta aos Efésios, faz-se presente em cada baptizado e é como uma pessoa em quem o olhar do seu Esposo se compraz: «Amou a Igreja, e por ela Se entregou (...) para a apresentar a Si mesmo como Igreja gloriosa sem mancha nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e imaculada» (Ef 5, 25.27). O amor, pelo qual o Esposo «amou até ao fim» a Igreja, faz com que esta seja sempre novamente santa nos seus santos, mesmo se não deixa de ser uma Igreja de pecadores. Também os pecadores, «os publicanos e as prostitutas», são chamados à santidade, como o próprio Cristo certifica no Evangelho (cf. Mt 21, 31). Todos são chamados a tornar-se Igreja gloriosa, santa e imaculada. «Sede santos — diz o Senhor — porque Eu sou santo» (Lv 11, 44; cf. 1 Pd 1, 16).

Eis a dimensão mais sublime do «grande mistério», o significado interior do dom sacramental na Igreja, o sentido mais profundo do Baptismo e da Eucaristia. São os frutos do amor, com que o Esposo amou até ao fim; amor que se esparge constantemente, oferecendo aos homens uma participação cada vez maior na vida divina.

IMAGEM DE CAPA:

A PARÁBOLA DAS VIRGENS PRUDENTES E DAS VIRGENS LOUCAS

Ernst Friedrich von Liphart / Alemanha / 1886

Óleo sobre Tela

Coleção Privada

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