
O MEU JUGO... (Mt 11,28-30)
Sobre o Evangelho desta quinto-feira (18/07/2024)
OS EVANGELHOSMT 11


Nossa vida pode se tornar pesada. Podemos sentir-nos como um boi de carro com pesada canga no pescoço calejado. Ora, “jugo” é sinônimo de “canga”. Podemos carregar o jugo das preocupações, do medo do futuro, da insegurança no trabalho, da responsabilidade familiar, de querer agradar a todo mundo, mesmo fazendo concessões contra o Evangelho de Jesus Cristo. E, o pior de tudo: o jugo do pecado...
Neste Evangelho, Jesus nos acena com a possibilidade de descanso para nossas fadigas e alívio para nossos fardos. Curiosamente, a “solução” que o Mestre nos oferece é aceitar o peso de outro jugo: o dele!
Bem, para começar, trata-se de uma canga a ser carregada por duas pessoas: Ele e eu. O peso é repartido. Não vamos carregá-lo sozinhos. Por isso mesmo, é um jugo suave e seu fardo é leve (cf. Mt 11,30). E o próprio Jesus já nos tinha alertado: quem o quisesse seguir, devia previamente negar a si mesmo e tomar sua cruz (Mt 16,24). Não é possível seguir o Crucificado sem a sua cruz.
Como observa Hébert Roux, comentando este Evangelho, “em Cristo, manso e humilde de coração, isto é, abaixado, crucificado, humilhado, encontra-se o ‘repouso da alma’. Esta expressão é tomada do Antigo Testamento (Jr 6,16), e designa aquilo que Jesus chama de ‘paz’ (cf. Jo 14,27)” - uma paz inteiramente da paz que o mundo entende como tal.
Se alguém procura por “sossego”, não vai encontrá-lo naquele que jamais se sossegava enquanto uma aldeia não tivesse ouvido a Boa Nova, no Pastor que não se resigna a perder uma só ovelha. Lembro-me do Pe. Jonas Abib pregando: “Quem encontra Jesus encontra a paz... e perde o sossego!”
Jesus suprime o peso da humanidade ao tomar sobre si mesmo o nosso fardo. É assim que ele fica leve. Mas se chegássemos a ter os ombros inteiramente livres, logo iríamos sobrecarregá-los com outros fardos deste mundo: o sucesso nas empresas, o aplauso nos palcos, a busca de prazeres, a glória das academias, o acúmulo de dinheiro. E estes mesmos fardos são patrões exigentes que escravizam, são feitores insensíveis que não se cansam de sugar-nos o sangue e a vida.
Ao ler a vida dos santos, impressiona-nos o seu impulso interior de buscar pelas cruzes com a intenção de aliviar a cruz do próximo, encontrando nisso a paz que o mundo jamais conhecerá. E nelas eles encontram Jesus...
Orai sem cessar: “Carregai os fardos uns dos outros...” (Gl 6,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Imagem de Capa:
Bois Arando / Rosa Bonheur / 1854-1899