
O MUNDO AUTODESTRUTIVO (Ap 18, 1-24)
LEITURAS DA LITURGIAAP 18PR
E assim chegamos à seguinte formulação, extravagante como possa parecer: a autodestruição da humanidade é o único fim previsível para o mundo, deixado a si mesmo, e o único fim que ele merece, na medida em que prefere acumular o que é seu (isto é, poder, mamom) a reunir-se com Cristo. Ele já decidiu seu próprio destino.
Excerto de BALTHASAR, Hans Urs von. Theo-Drama: Theological Dramatic Theory, Vol 4: The Action, Trad: Graham Harrison. San Francisco, Ignatius Press, 2013. p 442. eBook Kindle.
"Um anjo anuncia a queda de Babilônia —1 Depois disso, vi outro Anjo descendo do céu; tinha um grande poder e a terra ficou iluminada com a sua glória. 2 Ele então gritou com voz poderosa: “Caiu! Caiu Babilônia, a Grande! Tornou-se moradia de demônios, abrigo de todo tipo de espíritos impuros, abrigo de todo tipo de aves impuras e repelentes, 3 porque ela embriagou as nações com o vinho do furor da sua prostituição; com ela se prostituíram os reis da terra, e os mercadores da terra se enriqueceram graças ao seu luxo desenfreado...”. (Ap 18, 1-3)
Em Apocalipse, Babilônia não é derrotada na batalha com o Logos, embora o Cordeiro e seus seguidores façam guerra contra os reis sujeitos a Babilônia: ela é destruída e queimada por seus próprios adeptos, que se voltam contra ela em ódio. O mundo parece maduro para tal autodestruição por parte da Civitas diaboli [cidade do diabo], dado que a Civitas terrena [cidade terrena], com suas armas de destruição, caiu dentro do âmbito da primeira.
Não devemos ter medo de proferir a dura verdade. Ao fazer sua afirmação provocativa de ter reconciliado o mundo em Deus, Jesus nunca sugeriu que estava criando um paraíso terrestre. O reino de Deus nunca será externamente demonstrável (Lc 17:21); ele cresce, invisivelmente, perpendicularmente à história do mundo, e os frutos desta já estão nos celeiros de Deus. O homem responde a esta provocação tentando fabricar o reino de Deus na terra, com meios e métodos crescentes de poder; logicamente, este poder que resiste à impotência da cruz está destinado a se destruir, pois carrega em si o princípio da autoaniquilação ao dizer não à reivindicação de Cristo.
"Ao fazer sua afirmação provocativa de ter reconciliado o mundo em Deus, Jesus nunca sugeriu que estava criando um paraíso terrestre. O reino de Deus nunca será externamente demonstrável (Lc 17:21); ele cresce, invisivelmente, perpendicularmente à história do mundo, e os frutos desta já estão nos celeiros de Deus."
A QUEDA DA BABILÔNIA
Ciro, o Grande, derrotando o exército babilônico / 1831 / John Martin
O Zigurate ao fundo, sob um céu escuro e tempestuoso, com multidões em perigo

