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O PRÍNCIPE DESTE MUNDO (Ef 2, 1-3)

Sobre a Liturgia desta segunda-Feira (27/10/2024). O Homem Eterno. Lido com Lc 12, 13-21.

LEITURAS DA LITURGIAPREF 2

Gilbert K. Chesterton (1874 - 1936)

10/20/20241 min ler

"Irmãos, vós estáveis mortos por causa de vossas faltas e pecados,

nos quais vivíeis outrora, quando seguíeis o deus deste mundo,

o príncipe que reina entre o céu e a terra, o espírito que age agora entre os rebeldes.

Nós éramos deste número, todos nós. Outrora nos abandonávamos às paixões da carne;

satisfazíamos os seus desejos, seguíamos os seus caprichos e éramos por natureza,

como os demais, filhos da ira." (Ef 2, 1-3)

"Alguma coisa diz [a cada homem]* que a ideia definitiva de um mundo não é ruim ou mesmo neutra: contemplando o céu, ou a relva, ou as verdades da matemática, ou até mesmo um ovo que acabou de ser botado, eles têm uma vaga sensação semelhante a uma sombra daquela frase do grande filósofo cristão Tomás de Aquino: “Cada existência, como tal, é boa”.

Em contrapartida, alguma coisa lhes diz que é desumano, aviltante e até doente* reduzir o mal a um pontinho ou mesmo a uma mancha. Os homens percebem que esse otimismo é mórbido, talvez até mais mórbido que o pessimismo. Esses sentimentos vagos, más sadios, quando seguidos até as últimas consequências, resultariam na ideia de que o mal é de certo modo uma exceção, mas uma enorme exceção; e no fim mostrariam que o mal é uma invasão ou, ainda mais de acordo com a verdade, uma rebelião.

Os homens não acham que tudo está certo ou que tudo está errado, ou que tudo está igualmente certo e errado. Mas acham que o certo tem direito de estar certo e, portanto, tem direito de existir; e o errado não tem direito de estar errado e, portanto, não tem direito de existir. O mal é o príncipe do mundo, mas é também um usurpador. Assim, os homens vagamente apreendem aquilo que a visão lhes mostrará de modo evidente, e com a mesma clareza eles entenderão toda aquela estranha história de traição nos céus, com a grande deserção pela qual o mal danificou e tentou destruir um cosmo que ele não seria capaz de criar."

Excerto de CHESTERTON, G. K. O homem eterno (Clássicos MC) (Portuguese Edition). Traduzido por Almiro Pisetta. eBook. São Paulo: Mundo Cristão, 2013. p 302.

*Adição para esclarecimento do contexto.