
OS SEUS ANJOS NO CÉU... (Mt 18,1-5.10)
Sobre o Evangelho desta quarta-feira... (02/10/2024)
Neste Evangelho, Jesus se refere aos anjos que acompanham os “pequeninos” em sua vida terrena, ao mesmo tempo que contemplam a Deus no céu. Em tempos de racionalismo (nem sempre muito racional...) a existência de anjos – seres espirituais criados por Deus – é contestada até por teólogos que preferem rasgar muitas páginas da Bíblia e zombar da tradição como se os anjos fossem uma espécie de mitologia infantil.
Naturalmente, esses “sábios” não devem ficar muito à vontade quando, na celebração eucarística, são convidados a cantar o “Santo, santo, santo” em união com os anjos e os arcanjos, querubins e serafins...
Ora, os Padres da Igreja sempre levaram a sério o papel dos seres angélicos na vida do cristão. Com base no ensinamento deles, o teólogo Jean Daniélou comenta: “Certamente, um anjo foi dado ao homem desde o seu nascimento. Esta é uma doutrina antiga”. E são várias as “funções” do anjo: ele é um instrutor, como mensageiro de boas inspirações junto às almas. Os anjos da guarda – diz Daniélou – “protegem a alma contra as perturbações exteriores e interiores. São encarregados de repreendê-la e puni-la quando ela se desvia do caminho reto. Eles a assistem em sua oração e transmitem seus pedidos a Deus. Estas três funções são atribuídas ao anjo guardião: ele é o anjo da paz (Crisóstomo), o anjo da penitência (Hermas) e o anjo da oração (Tertuliano)”.
O Livro de Tobias mostra a presença do Arcanjo Rafael como companheiro de caminhado, instrutor e guia espiritual. Mas Daniélou destaca o papel dos anjos na proteção contra os demônios, em especial junto aos catecúmenos, mais expostos à tentação. Exatamente um papel que foi acentuado por Santo Hilário: “Nos combates que enfrentamos para permanecer fortes contra as potências do mal, os anjos nos assistem. (...) Existem anjos dos pequeninos que contemplam todo dia a face de Deus. Os espíritos foram enviados para socorrer o gênero humano. De fato, se os anjos não lhes fossem dados, nossa fraqueza não poderia resistir aos ataques numerosos e potentes dos espíritos celestes”.
A devoção ao anjo da guarda inclui um óbvio papel na psicologia da criança, que cresce em permanente luta contra seus medos: medo do escuro, medo de ficar sozinha, medo de perder os pais etc. A certeza da presença do companheiro celeste é fator de equilíbrio emocional, de modo que os pequenos, para equilibrar suas tensões internas, não precisarão recorrer ao urso de pelúcia ou ao tigre imaginário...
A presença dos anjos é obviamente um sinal do amor de Deus por suas criaturas, cuja fragilidade comove o Criador, que não nos deixará desarmados diante do mal.
Orai sem cessar: “Mandarei um anjo à tua frente para guardar o teu caminho!” (Ex 23,20)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
IMAGEM DE CAPA:
Mulher com Bebê e duas Crianças
Léon Augustin Lhermitte/ França / Primeira metade Sec. XX

