
PARA QUE VEJAM A CLARIDADE... (Lc 8,16-18)
Sobre o Evangelho desta segunda-feira... (23/09/2024)
Em três versículos, apenas, o Mestre nos dá uma bela lição. Onde é que pusemos a luz que recebemos? O lugar da lamparina acesa é sobre o candeeiro. É um contrassenso acender a vela e, a seguir, ocultá-la debaixo de um pote de barro, o antigo “alqueire”, usado para medir cereais.
Quando Jesus assevera que “não há nada de oculto que não venha a ser revelado” (v.17), nós prontamente pensamos nos pecados cometidos (por nós ou por outros) que se tornarão manifestos por ocasião do Juízo Final. Esta leitura empobrece terrivelmente o ensinamento de Jesus. É preciso ler a mensagem em viés positivo: a ação do Espírito Santo em nossa vida, ainda que permaneça oculta por um tempo, acabará por se manifestar aos olhos do mundo!
Na Exortação apostólica “Gaudete et Exultate”, o Papa Francisco escreve: “Deixemo-nos estimular pelos sinais de santidade que o Senhor nos apresenta através dos membros mais humildes deste povo que ‘participam também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade’. Como nos sugere Santa Teresa Benedita da Cruz, pensemos que é através de muitos deles que se constrói a verdadeira história: ‘Na noite mais escura, surgem os maiores profetas e os santos. Todavia a corrente vivificante da vida mística permanece invisível. Certamente, os eventos decisivos da história do mundo foram essencialmente influenciados por almas sobre as quais nada se diz nos livros de história. E saber quais sejam as almas a quem devemos agradecer os acontecimentos decisivos da nossa vida pessoal, é algo que só conheceremos no dia em que tudo o que está oculto for revelado’”. (GeE,
O Papa se refere à santidade ao alcance de todos, sem excluir os leigos atarefados com os deveres de cada dia. E procura ampliar o nosso olhar a esse respeito: “A santidade é o rosto mais belo da Igreja. Mas, mesmo fora da Igreja Católica e em áreas muito diferentes, o Espírito suscita ‘sinais da sua presença, que ajudam os próprios discípulos de Cristo’. Por outro lado, São João Paulo II lembrou-nos que o testemunho, dado por Cristo até o derramamento do sangue, tornou-se patrimônio comum de católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes’. Na sugestiva comemoração ecumênica, que ele quis celebrar no Coliseu durante o Jubileu do ano 2000, defendeu que os mártires são ‘uma herança que fala com uma voz mais alta do que os fatores de divisão’. (GeE, 9)
Muita gente já perdeu a esperança. Por que ainda escondemos a nossa luz?
Orai sem cessar: “Senhor, na tua luz veremos a luz!” (Sl 36,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
IMAGEM DE CAPA:
A Luz da Lâmpada
Harriet Backer (Sra.)/ Noruega / 1890
81 x 66 cm
Óleo sobre Tela
Museu Nacional de Artes Arquitetura e Design, Oslo, Noruega

