a glass of red wine

QUEM DIZEIS QUE SOU (Lc 9,18-22)

Sobre o Evangelho desta sexta-feira. (27/09/2024)

Antonio Carlos Santini

9/27/20242 min ler

Herodes não sabia quem era Jesus. Chega o momento em que os discípulos devem responder à mesma pergunta, pois ela decide o destino de cada um de nós. E é o próprio Jesus quem nos coloca em situação de defini-lo. O monge André Louf comenta esta passagem:

“Somente aquele que é discípulo conhece Jesus em sua intimidade profunda. O discípulo, isto é, aquele que tudo deixou para segui-lo, que caminha com ele, que vive em sua intimidade, que, como ele, não tem uma pedra para repousar a cabeça. Somente essa proximidade de cada dia, de cada hora, entreabre a porta do conhecimento de Jesus. Mas ainda é preciso cuidado para não se enganar. Pedro disse bem: o Messias de Deus. E Jesus não recusa esta identidade. Mas Pedro sabe ao certo o que significa ser Jesus o Messias de Deus?”

Vê-se que não sabia. Devia conservar a imagem popular de um libertador político, de um organizador social, enfim, um Messias para as realidades terrenas. Mas Pedro não está preparado para o anúncio que o Mestre faz a seguir: o sofrimento de Jesus, a rejeição, a perseguição e a morte. E a alusão que Jesus faz à sua ressurreição permanece um mistério para todos eles.

No entanto, diz A. Louf, “não existe outro caminho para compreender a Deus senão Jesus crucificado. E não há outro caminho para compreender Jesus crucificado senão a própria cruz. A cruz só se compreende pela cruz, isto é, por aquele que a carrega, que a leva por sua vez atrás de Jesus”.

Assim se manifesta a ilusão daqueles que procuram por um Jesus vitorioso, o engano de quem vê no Evangelho um caminho de glória e sucesso, de vantagens e de sossego. O caminho é a cruz. Exclusivamente a cruz. Ela é a condição para o surgimento – posterior! – de um Ressuscitado.

Santa Teresa Benedita da Cruz ensina: “A doutrina da cruz é o evangelho de Paulo, a mensagem que ele prega a judeus e pagãos. É um testemunho simples por natureza, destituído de qualquer retórica e que não procura convencer por razões intelectuais. Toda força provém da doutrina em si – a própria cruz de Cristo, ou seja, a morte de Cristo na cruz e o Cristo crucificado. Ele mesmo é o poder e a sabedoria de Deus; não somente o enviado de Deus, Filho de Deus e Deus, ele próprio, mas também o Crucificado. Porque a morte na cruz é meio de redenção, fruto da insondável sabedoria de Deus”. (A Ciência da Cruz, p. 16)

Quem dizeis que eu sou? O Crucificado...

Orai sem cessar: “Nós proclamamos Cristo crucificado!” (1Cor 1,23)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

IMAGEM DE CAPA:

O Salvador

Paolo de San Leocadio / Itália / 1482

34 x 25 cm

Óleo sobre Tela

Museu do Prado, Madri, Espanha