
SEMÁFORO
POESIA E FÉCULTURAPR
Saulo Soares
6/1/2025
Saulo Soares é poeta, cronista, contista e compositor. Atual Presidente da Academia Literária de Piraí e Membro Correspondente da Academia Bonjesuense de Letras. Colabora, dentre outros, com o jornal O Norte Fluminense. Autor de 2 livros de poemas, Lastro (2018) e Gerúndio (2020). Em 2023 publicou, pela Editora Patuá, seu primeiro livro de Contos "O Facão e pequenos outros Contos da Alma", lançado na FLIP, de Paraty (RJ). Participante de diversas antologias, coletâneas e Feiras Literárias.
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A cidade fervilha. Eu, uma ilha cercada
De cimento que,
O que nos resta de sentimento, sem dó, endurece.
Nesta festa de rumores, pó e buzinas,
Quem ouvirá minha prece, saberá minha sina,
Sentirá minhas dores?
Haverá quem não me apresse e me diga:
Vou contigo aonde fores?
A cidade fervilha. Eu, na escotilha dum navio
Que teima em singrar,
Que queima seu molhado pavio.
Mas, que mar? Que mar? De pedra e gelo?
De um sol demasiado frio?
Melhor não sê-lo, melhor não-mar...
No desfiar deste novelo, quem se fia
Na indiferença
Desvia os olhos do irmão que passa:
Eis aí tua triste crença, bebe, então, tua amarga taça!
A cidade fervilha. Escuto um choro:
Entre os pés e o cerebelo haverá um coração?
A cidade fervilha. Eu, uma ilha a olhar
O semáforo dos olhos do foro... e a gritar:
— Perdão, Senhor, perdão!