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A CASA SE ENCHEU DO PERFUME... (Jo 12, 1-11)

Antonio Carlos Santini

4/14/2025

Uma cena doméstica. Jesus visita os amigos de Betânia, nas encostas de Jerusalém: Lázaro, Marta e Maria. A tradição de hospitalidade oriental incluía três gestos (cf. Lc 7,44-46): o ósculo de boas-vindas, a lavagem dos pés do visitante (geralmente feita por um escravo ou servidor) e a unção dos cabelos com óleo perfumado.

Imprevistamente, porém, a própria Maria põe-se a ungir os pés de Jesus. E o faz com um frasco de precioso nardo, caríssimo aroma importado da Índia. Um “desperdício” que faz cintilar os olhos de Judas Iscariotes, expert em contabilidade: “Por que não se vendeu por 300 denários para dar aos pobres?” Ou seja, o equivalente a 300 dias de trabalho de um operário da época!

Olhos profanos veriam a irmã de Lázaro no papel de um escravo. Os olhos de Jesus percebem o amor latente no gesto da mulher. “A vocação fundamental do discípulo é a de servir”, diz Claude Rault, Bispo do Saara argelino. “Não como escravo, mas servir por amor à humanidade, apaixonado por ela. Esta é a condição de servidor que Jesus escolheu para viver desde o início de sua missão.”

Bem que o Inimigo tentou desviá-lo desse caminho, oferecendo-lhe os atalhos da autossuficiência, da glória e do poder (cf. Mt 4). Mas Jesus se manteve todo o tempo como aquele que serve: curando o enfermo, tocando os intocáveis, anunciando o amor do Pai e, afinal, dando o próprio sangue para nos salvar.

Isto, sim, é desperdício! Ele não derramou perfumes, derramou seu sangue. Doou sua vida, nada guardou para si. Por isso mesmo, ele soube acolher o gesto inesperado de Maria que parecia transpor os limites do bom senso.

Aliás, se existe uma coisa que os apaixonados desconhecem, é exatamente o tal bom senso. As coisas ponderadas. Os passos calculados. A censura prévia. O amor mergulha, salta no escuro, se entrega. Amor sem medidas...

Mas todo gesto de amor tem consequências. Como bem registra o evangelista João, “toda a casa ficou cheia do perfume”. Sim, o amor irradia, se espalha, comunica. Mesmo depois que o convidado se retirasse, a casa permaneceria marcada pela fragrância do nardo. Uma casa vazia de amor acaba cheirando mal. Ao contrário, se o amor se põe a serviço, logo se percebe no ar.

De volta ao Evangelho, Jesus soube dar sentido pascal ao gesto de Maria: “É para o dia de meu sepultamento que ela guardou o perfume”. Logo a seguir, Jesus será preso, crucificado e morto. O amor de Maria já o preparou para o sepulcro...

Como podemos encher a nossa casa?

Orai sem cessar: “O odor dos teus perfumes supera todos os aromas!” (Ct 4,10)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de João, Cap. 12, 1-11.

A unção de Betânia —1 Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde estava Lázaro, que ele ressuscitara dos mortos. 2 Ofereceram-lhe aí um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3 Então Maria, tendo tomado uma libra de um perfume de nardo puro, muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos; e a casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo. 4 Disse, então, Judas Iscariotes, um de seus discípulos, o que o iria trair: 5 “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários” para dá-los aos pobres?” 6 Ele disse isso, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa comum, roubava o que aí era colocado. 7 Disse então Jesus: “Deixa-a; que ela o conserve para o dia da minha sepultura! 8 Pois sempre tereis pobres convosco; mas a mim nem sempre tereis”. 9 Uma grande multidão de judeus, tendo sabido que ele estava ali, veio, não só por causa de Jesus, mas também para ver Lázaro, que ele ressuscitara dos mortos. 10 Os chefes dos sacerdotes decidiram, então, matar também a Lázaro, 11 pois, por causa dele, muitos judeus se afastavam e criam em Jesus.

Palavra da Salvação.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

MARIA UNGE OS PÉS DE JESUS

A pintura retrata Maria ungindo os pés de Jesus e é atribuída ao artista Henryk Siemiradzki A obra de arte captura a cena bíblica em que Maria Madalena unge os pés de Jesus com óleo caro. Siemiradzki, um pintor polonês conhecido por suas cenas acadêmicas e históricas, provavelmente pintou esta obra no final do século XIX. A pintura é caracterizada por sua iluminação dramática, cores ricas e representação detalhada de figuras e texturas, típicas do estilo de Siemiradzki.

Coleção Privada

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