A PEDRA TINHA SIDO RETIRADA... (Jo 20,2-8)
Antonio Carlos Santini
12/27/2025
Com a morte de Jesus no Calvário, uma noite escura descera sobre todos. Não era aquele o desfecho – apesar do tríplice aviso de Jesus! – que os seus discípulos viviam esperando. Sepultado o Mestre, rolada a pedra na caverna, Jesus parecia definitivamente fora de seu alcance...
Mas no domingo de manhã – “quando ainda estava escuro” – Maria Madalena se antecipa a todos e vê que a pedra tinha sido retirada. O túmulo estava aberto. Mas o Evangelista não chega a dizer se ela olhou no interior da caverna. Diz apenas que ela saiu correndo e foi a Simão Pedro.
Assim avisados, Pedro e João iniciam uma corrida até o jardim onde o corpo de Jesus fora depositado. Uma prova de atletismo em plena madrugada. E enquanto correm, pensamentos e emoções nublam ainda mais as suas almas, já ensombrecidas pelo drama do Calvário. Eles mesmos não conseguem imaginar aquilo que espera por eles. Não fazem ideia do que poderão ver...
Quando Pedro e João chegam ao sepulcro, de fato a pedra fora rolada pelo anjo (cf. Mt 28,2) e era possível acessar o interior da gruta. Como observa o monge ortodoxo André Scrima, tinha sido removido o último obstáculo para a “visão”. O Mestre não está ali, conforme se lê na inscrição atual da Basílica do Santo Sepulcro: “Non est hic”.
As bandagens que tinham envolvido o corpo de Jesus permanecem ali, no solo. São tiras de linho, que haviam sido embebidas em 30 kg de mirra líquida e aloés em pó (cf. Mt 19,39), piedosa oferenda de Nicodemos. Já no terceiro dia após o sepultamento, evidentemente o envoltório consolidado mostra-se como um casulo. Mas não há nada em seu interior. Sem desmanchar as bandagens que o envolviam, como a borboleta abandona seu casulo, o Senhor venceu a morte e ressuscitou.
Em seu Evangelho, São João registra em duas palavras o impacto que o invadiu de imediato: “viu e creu”! As bandagens e o sudário falavam por si. Se o corpo embalsamado tivesse sido roubado, como espalharam os adversários de Cristo (cf. Mt 28,13), não seria possível manter intactas as faixas de linho do embalsamamento. É este “casulo” que aparece nos ícones orientais da ressurreição, testemunhando aquilo que a mente humana não chega nunca a compreender.
Ainda hoje, porém, permanece para muitos a pedra da incredulidade, impedindo que os olhos da alma cheguem à visão do Ressuscitado. Aferrados à razão cega, não farão a experiência de João: ver e crer...
Orai sem cessar: “Vistes aquele a quem ama a minha alma?” (Ct 3,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de João 20, 2-8.
2Corre então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: “Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram”. 3Pedro saiu, então, com o outro discípulo e se dirigiram ao sepulcro. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5Inclinando-se, viu os panos de linho por terra, mas não entrou. 6Então, chega também Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro; vê os panos de linho por terra 7e o sudário que cobrira a cabeça de Jesus. O sudário não estava com os panos de linho no chão, mas enrolado em um lugar, à parte. 8Então, entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: e viu e creu.
Palavra da Salvação.
Fonte: Bíblia de Jerusalém


