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ALGUÉM QUE NÃO CONHECEIS... (Jo 1, 19-28)

OS EVANGELHOSJO 1

Antonio Carlos Santini

1/2/20253 min ler

Eis Jesus Cristo, o ilustre desconhecido... Ainda que o Messias anunciado devesse andar oculto no início de sua missão, era de esperar que os homens da Lei e do Templo o pudessem reconhecer. Pura ilusão!

O Filho de Deus veio ao mundo, nasceu de mulher, palmilhou nossas trilhas, visitou nossas aldeias, pregou nas praças e... não o conheceram... Em sua cegueira, chegaram a confundi-lo com o filho do carpinteiro, com um dos profetas, o Batista reanimado. Mas não o conheceram!

O Evangelho de João realça esse des-conhecimento que se avizinha de uma espécie de recusa pelo Ungido de Deus: “Ele veio para o que era seu, e os seus não o acolheram”. (Jo 1,11) Como num combate entre as trevas e a Luz, o mundo das sombras e do pecado se recusa a ser iluminado pelo Resplendor divino.

Permanece viva hoje esta possibilidade trágica de desprezar a humilde oferta de um Deus que se abaixa até nós, assume nossa carne e se deixa crucificar por amor. Talvez preferíssemos o deus do poder e da força, mas o que temos é uma criança frágil e dependente. Talvez preferíssemos o deus da glória e do sucesso, mas o que temos é um réu suspenso no madeiro. Talvez preferíssemos o deus da fartura e das facilidades, mas o que temos é um convite a abraçar a própria cruz... Não é verdade que ainda des-conhecemos a Cristo?

Conhecer a Jesus não é o mesmo que ter ouvido falar dele. Não é o mesmo que repetir suas palavras. Não é o mesmo que frequentar templos cristãos.

Conhecer a Jesus é imitar seu exemplo, pisar suas pegadas, assumir sua missão. Conhecer a Jesus é fazer a vontade do Pai, abrindo mão de preferências, projetos, comodidades.

Alguém duvida que Madre Teresa de Calcutá tenha conhecido a Jesus? Ninguém faria o que ela fez sem conhecer Jesus. Ninguém amaria os miseráveis como ela amou. Sem essa intimidade, ninguém se isolaria no deserto de Marrocos como fez Charles de Foucauld. Sem essa profunda amizade, ninguém dedicaria ao Evangelho toda a sua vida como fez João Paulo II...

Seria terrível chegar ao juízo particular e ouvir da boca do Senhor as palavras ouvidas pelas virgens loucas da parábola: “Não vos conheço!” (Mt 25,12) Enquanto há tempo, é hora de vigiar e repetir as palavras ardentes de Santo Agostinho: “Noverim me, noverim Te!” [Senhor, que eu me conheça, que eu Te conheça!] Sem conhecer a Deus, jamais conhecerei a mim mesmo...

Orai sem cessar: “Confiará em Ti, Senhor, quem conhece eu nome!” (Sl 9,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Leitura do Evangelho de São João, Cap. 1, 19-28

O testemunho de João —19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para o interrogarem: “Quem és tu?” 20 Ele confessou e não negou; confessou: “Eu não sou o Cristo”. 21 Perguntaram-lhe: “Quem és, então? És tu Elias?” Ele disse: “Não o sou”. — “És o profeta?” Ele respondeu: “Não”. 22 Disseram-lhe, então: “Quem és, para darmos uma resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?” 23 Disse ele: “Eu sou uma voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías”.24 Alguns dos enviados eram fariseus. 25 Perguntaram-lhe ainda: “E por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?” 26 João lhes respondeu: “Eu batizo com água. No meio de vós, está alguém que não conheceis, 27 aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália”. 28 Isso se passava em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João batizava.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

IMAGEM DE CAPA:

CRISTO ABENÇOANDO SÃO JOÃO BATISTA

MORETTO DA BRESCIA / 1523

Galeria Nacional, Londres, Reino Unido

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