
COM ORAÇÃO E JEJUM... (Mc 9, 14-29)
OS EVANGELHOSMC 9
Antonio Carlos Santini
2/24/20253 min ler
Mais um contraste nos Evangelhos: montanha versus planície.
Na planície, a multidão agitada, ruidosa e... frágil na fé. Os pobres discípulos de Jesus estão incluídos na multidão que se vê impotente diante do demônio que agita terrivelmente um jovem possesso.
Um parêntese: é claro que eu acredito na existência de demônios (e estou muito bem acompanhado de toda a Tradição eclesial e do testemunho do Papa Paulo VI). Para aqueles racionalistas que insistem em traduzir as possessões do Evangelho como casos de epilepsia (doença desconhecida naquela época – garantem eles), sugiro apenas que digam aos senhores médicos (de hoje) que o remédio para tal enfermidade é... jejum e oração...
Seja como for, do outro lado está a montanha, lugar do encontro com Deus (como atestam Abraão, Moisés e Elias). E da montanha, onde passou a noite inteira em jejum e oração, desce Jesus e encontra cá embaixo a balbúrdia feita de capetas, encapetados e exorcistas que não conhecem seu ofício.
Feito o trabalho, libertado o garoto, o pai feliz da vida, é a hora de os discípulos amuados perguntarem ao Mestre: “Como explicar o nosso fracasso? Por que não pudemos expulsar o demônio?” E Jesus, curto e grosso: “Esta espécie de demônios (ora, ora... então há várias espécies de epilepsia, hein?!) com nada se pode expulsar, a não ser com oração e jejum.” No latim de São Jerônimo: “Hoc genus in nullo potest exire nisi in oratione”.
Algum leitor estará torcendo o nariz: “Jejum e oração?! Que coisa mais arcaica!” Ora, a água vegetomineral dos tempos da vovó pode ser um remédio arcaico, mas faz efeito ainda hoje. E os capetas do tempo de Jesus Cristo são os mesmos de nosso tempo, ainda que mais treinados e especializados.
O velho remédio ainda vale? Responde o mestre da teologia ascética e mística (matérias ignoradas nos seminários de hoje!) Ad. Tanquerey. Segundo ele, para fazer exorcismos (aliás, ministério exclusivo de sacerdotes especialmente autorizados pelo bispo diocesano!) “convém preparar-se para essa temerosa função por meio de uma confissão humilde e sincera, para que o demônio não possa lançar em rosto aos exorcistas as suas faltas; e pelo jejum e oração, visto haver demônios que não cedem senão a estes meios.” (nº 1546, 1.)
Prudência e caldo de galinha, dizia vovó, não fazem mal a ninguém...
Orai sem cessar: “Senhor, tu me libertas dos meus inimigos.” (Sl 18,49)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
Leitura do Evangelho de São Marcos, Cap. 9, 14-29
O epilético endemoninhado —14E, chegando junto aos outros discípulos, viram uma grande multidão em torno deles e os escribas discutindo com eles. 15E logo que toda a multidão O viu, ficou admirada e correu para saudá-lo. 16Ele perguntou-lhes: “Que discutíeis com eles?” 17Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu te trouxe meu filho que tem um espírito mudo. 18Quando ele o toma, atira-o pelo chão. e ele espuma, range os dentes e fica ressequido. pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas não conseguiram”. 19Ele, porém, respondeu: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o a mim”. 20Levaram-no até Ele. o espírito, vendo a Jesus, imediatamente agitou com violência o menino que, caindo por terra, rolava espumando. 21Jesus perguntou ao pai: “Há quanto tempo lhe sucede isto?”
— “Desde pequenino, respondeu; 22e muitas vezes o atira ao fogo ou na água para fazê-lo morrer. Mas, se tu podes, ajuda-nos, tem compaixão de nós”. 22Então Jesus lhe disse:
“Se tu podes! …Tudo é possível àquele que crê!” 24Imediatamente, o pai do menino gritou: “Eu creio! ajuda a minha incredulidade!” 25Vendo Jesus que a multidão afluía, conjurou severamente o espírito impuro, dizendo-lhe: “Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: deixa-o e nunca mais entres nele!” 26E, gritando e agitando-o violentamente, saiu. E o menino ficou como se estivesse morto, de modo que muitos diziam que ele tinha morrido. 27Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergueu-o, e ele se levantou. 28Ao entrar em casa, perguntaram-lhe os seus discípulos, a sós: “Por que não pudemos expulsá-lo?” 29Ele respondeu: “Essa espécie não pode sair a não ser com oração e jejum”.
Texto da Bíblia de Jerusalém.

