
COMO UM GRÃO DE MOSTARDA... (Mc 4, 26-34)
OS EVANGELHOSMC 4
Como de costume, Jesus dirige nosso olhar para algo concreto com a intenção de significar algo impalpável: o Reino dos céus. Já falou dos lírios dos campos, da erva que murcha, das aves dos céus, do fermento na massa. Agora, quer que passemos a contemplar a mínima semente: o grão de mostarda.
São João Crisóstomo comenta esta parábola: “Que há de maior que o Reino dos céus? Que há de menor que um grão de mostarda? Como pode Jesus comparar esse Reino infinito a um minúsculo grão de mostarda, que ocupa tão pequeno espaço? Entretanto, quando examinamos atentamente o Reino dos céus e o grão de mostarda, descobrimos quanto é justa e natural esta comparação.
O Reino dos céus, evidente, não é outra coisa senão o Cristo, pois ele diz de si mesmo: “Eis que o Reino de Deus está no meio de vós”. (Lc 17,21) Ora, nada é maior que Cristo em sua divindade, como nos ensina a palavra do profeta: “É ele o nosso Deus; nenhum outro lhe é comparável. Ele descobriu os caminhos do conhecimento e os confiou a Jacó, seu servidor, a Israel, seu bem-amado. Assim a Sabedoria apareceu sobre a terra e viveu entre os homens”. (Br 3,36-38)
Por outro lado, que há de mais pequenino que o Cristo em sua encarnação, quando se tornou menor que os anjos e os homens? Ouça-o da boca de Davi: “Que é o homem para que penses nele, o Filho do Homem, para que te ocupes dele? Tu o quiseste um pouco menor que os anjos”. (Sl 8,5-6) [...]
Como acontece que Cristo seja ao mesmo tempo o Reino dos céus e o grão? Que seja ao mesmo tempo grande e pequeno em relação ao Reino? Vejam: sua misericórdia por aqueles que ele criou é tão grande, que ele se fez tudo para todos para os ganhar a todos. Por sua natureza, ele era Deus, como o é ainda e o será sempre. Ele tornou-se homem em vista de nossa salvação. “Que profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Suas decisões são insondáveis, impenetráveis os seus caminhos!” (Rm 11,33)
Ó grão, pelo qual o mundo foi feito, as trevas dispersadas, a Igreja renovada! Como é grande a força deste grão suspenso na cruz! Enquanto estava ali cravado, por uma simples palavra soltou do madeiro o ladrão para o mergulhar nas delícias do paraíso. Do lado aberto pela lança, este grão deixou manar uma bebida de imortalidade para os sedentos. Semeado no jardim, mergulhou as raízes até os infernos; dali fez saírem as almas e, em três dias, conduziu-as ao céu.
Semeia este grão no jardim de tua alma...”
Orai sem cessar: “Se o grão morre, produz muito fruto...” (Jo 12,24b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Leitura do Evangelho de São Marcos, Cap. 4, 26-34
Parábola da semente que germina por si só —26E dizia: “O Reino de Deus écomo umhomem que lançou a semente na terra: 27ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. 28A terra por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga e, por fim, a espiga cheia de grãos. 29Quando o fruto está no ponto, imediatamente se lhe lança a foice, porque a colheita chegou”.
Parábola do grão de mostarda —30E dizia: “Com que compararemos o Reino deDeus? Ou com que parábola o apresentaremos? 31É como um grão de mostarda, o qual, quando é semeado na terra — sendo a menor te todas as sementes da terra —, 32quando é semeado, cresce e torna-se maior que todas as hortaliças, e deita ramos, a tal ponto que as aves do céu se abrigam à sua sombra”.
Conclusão sobre as parábolas —33Anunciava-lhes a Palavra por meio de muitas parábolas como essas, conforme podiam entender; 34e nada lhes falava a não ser em parábolas. A seus discípulos, porém, explicava tudo em particular.
Texto da Bíblia de Jerusalém.

