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DAI DE GRAÇA (Mt 10, 7-15)

OS EVANGELHOSMT 10PR

Antonio Carlos Santini

7/10/2025

Os dons de Deus são gratuitos. Não “custam” nada. O livro dos “Atos dos Apóstolos” nos fala de um certo Simão (At 8,18ss), dedicado à magia, que ousou oferecer dinheiro aos apóstolos em troca dos poderes excepcionais que o Espírito Santo neles manifestava. Eis a resposta de Pedro: “Maldito seja o teu dinheiro e tu também, se julgas poder comprar o dom de Deus com dinheiro!” Igual maldição há de merecer aquele que “usa” o Evangelho e a religião com a intenção de acumular fortuna, explorando impiedosamente a inocência ou a ignorância do povo simples. A exemplo do Mestre, seus autênticos seguidores vivem vida simples e sóbria. Mesmo quando dotados de dons extraordinários (como o dom de curar enfermos do Pe. Emiliano Tardiff), o homem de Deus jamais fará negócio com tais poderes.

Mas há muitos “dons naturais” que nos foram concedidos e que devemos partilhar com nossos irmãos. Conhecimentos, habilidades, pendores artísticos e – por que não? – força muscular, tudo pode ser orientado para o bem de nossos irmãos, para o enriquecimento da comunidade humana.

É conhecido o exemplo de George Washington Carver, filho de escravos nos EUA, que recusou um alto salário no laboratório de Thomas Edison, preferindo exercer seu humilde trabalho de professor em uma escola rural, ensinando as famílias pobres a usarem melhor os recursos de suas terras. Músico e pintor de qualidade, Carver morreu pobre e solteiro, pois sabia que seria difícil encontrar uma esposa que adotasse seu estilo de vida tão despojado.

Em um mundo como o nosso, capitalista e contabilizado, onde escasseiam a dedicação e o altruísmo desinteressado, mesmo em atividades como a medicina, o magistério e o sacerdócio, Jesus nos chama a viver para nossos irmãos, multiplicando entre eles o amor que Deus nos dá de graça.

Quando morreu o saudoso Papa João Paulo II, o seu “testamento” revelou ao mundo um notável espírito de pobreza. Alguns anos atrás, Madre Teresa de Calcutá visitara São Paulo, trazendo como bagagem apenas uma muda de roupa e uma pequena bacia, dentro de uma caixa de biscoitos amarrada com um cordão de persiana. O desprendimento e a sobriedade de quem segue a Jesus dão o visível testemunho da profunda liberdade espiritual que o Espírito de Deus pode infundir em nós.

Estamos preocupados em acumular? Ou em partilhar?

Orai sem cessar: “O Senhor é meu pastor. Nada me falta.” (Sl 23,1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 10, 7-15.

7Dirigindo- vos a elas, proclamai que o Reino dos Céus está próximo. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça dai. 9Não leveis ouro, nem prata, nem cobre nos vossos cintos, 10nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado, pois o operário é digno do seu sustento. 11Quando entrardes numa cidade ou num povoado, procurai saber de alguém que seja digno e permanecei ali até vos retirardes do lugar. 12Ao entrardes na casa, saudai-a. 13E se for digna, desça a vossa paz sobre ela. Se não for digna, volte a vós a vossa paz. 14Mas se alguém não vos recebe e não dá ouvidos às vossas palavras, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi o pó de vossos pés. 15Em verdade vos digo: no Dia do Julgamento haverá menos rigor para Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade. 16Eis que eu vos envio como ovelhas entre lobos. Por isso, sede prudentes como as serpentes e sem malícia como as pombas.

IMAGEM DE CAPA:

O MARTÍRIO DE SÃO PAULO MIKI E COMPANHEIRO EM NAGASAKI

Em 5 de fevereiro de 1597, São Paulo Miki (1564-1597), um escolástico jesuíta, e outros 25 foram martirizados em Nagasaki. Esta pintura mostra os mártires jesuítas do Japão que foram torturados e executados em Nagasaki naquele século. Depois de 1614, muitos cristãos japoneses fugiram para Macau e Manila. Foi pintada por um pintor japonês anônimo por volta de 1635. A pintura está preservada na Chiesa del Gesù, Roma, Itália. Esta pintura é relativamente grande (110 x 220 cm). Era originalmente uma aquarela pintada em papel. Só mais tarde foi repintada a óleo, presa a uma tela e emoldurada, como pode ser encontrada hoje (D'Orazio, 2008). Produzida em um estilo inquestionavelmente kirishitano, a pintura retrata 44 jesuítas que foram martirizados de diferentes maneiras no Japão, começando com a primeira perseguição. A pintura tem três níveis separados. O nível superior representa a glória: em meio às nuvens, e ladeados por dois anjos, erguem-se as figuras de Francisco Xavier, São Paulo Miki e dois companheiros jesuítas crucificados em Nagasaki em 1597. Eles são reconhecidos como mártires por Roma, Paulo Miki, John Soan de Goto e James Kisai. O segundo nível (meio) mostra cristãos queimados na fogueira, decapitados e aqueles que viviam em segredo (cabana) ou exilados (galeão, abandonados em uma praia). O terceiro nível (embaixo) mostra pessoas submetidas ao "tormento das covas" (sendo suspensas de cabeça para baixo sobre um poço). Elas eram torturadas pendurando-as sobre um poço cheio de excrementos. Eles cortavam fendas ao redor de suas têmporas para aliviar a pressão para que morressem mais lentamente. O objetivo era quebrar a determinação daqueles que se recusavam a renunciar à sua fé.

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