a small red house on a rocky hill

DAR-VOS-EI O QUE FOR JUSTO... (Mt 20,1-16a)

OS EVANGELHOSPRMT 20

Antonio Carlos Santini

8/20/2025

Desconcertante esta parábola! Uma das muitas que Jesus usou para nos passar algo que está além da humana capacidade de compreensão: a natureza do Reino dos Céus. A raiz do problema é que nossos idiomas foram construídos para recortar o mundo material: seres, qualidades, dimensões e quantidades DESTE MUNDO. Ao usar nossa linguagem para falar do ALÉM, das realidades espirituais, tudo cai por terra. Nesta parábola – a dos trabalhadores da vinha -, o que deve cair por terra é o nosso senso de justiça humana.

Os operários começam a labuta ao clarear do sol. Outros, às 9 da manhã. Outros ao meio-dia e às três da tarde. E ainda chamou outros restando apenas uma hora de luz para o trabalho: a undécima hora, 5 da tarde. Aos primeiros, o patrão prometeu salário normal: um denário. Aos outros, “o que fosse justo”.

Finda a jornada, hora do acerto, surpresa! O patrão pagava a jornada integral a todos, mas ainda (não é uma provocação do próprio narrador, Jesus?) começava pelos que trabalharam apenas uma hora, já na sombra do pôr do sol...

Natural, os demais começam a “chiar!” Não era justo! Ao menos segundo a “justiça” humana, distributiva, toda cálculos e aritmética. Reunidos em piquete diante da casa do patrão, que ignora as regras elementares da isonomia salarial, os operários gritam em altas vozes o seu descontentamento.

E Jesus Cristo sorri do impacto que suas histórias causavam no auditório. Afinal, eram judeus, herdeiros das promessas da Aliança. Sim, esse povo esperava pelo Messias, “labutando” desde a madrugada da história da salvação. Agora, em novos tempos, vem a reles samaritana ou a siro-fenícia “impura” e se habilita a receber o mesmo “salário”, isto é, a mesma salvação?! Não era justo!

Sim, parece desigual e injusto a quem não conhece o coração de Deus. Um coração que ama a todos, sem distinção. Não porque são bons, mas porque Ele – Deus – é bom. Não os salva por méritos de gente esforçada que suou a camisa “toda a jornada”, a vida inteira, mas porque aceitam as condições do dono da vinha, ainda que o façam na prorrogação da partida que está em jogo...

Se alguém duvida do “sistema de retribuição” do Patrão, favor recordar que o Reino em questão foi inaugurado por um vil ladrão arrependido, crucificado após uma vida de crimes. Aquele que nós - com boa dose de preconceito - chamamos de BOM ladrão, tentando fazer dele uma exceção.

Vamos para a vinha do Senhor? Ainda é tempo!

Orai sem cessar: “É eterna, Senhor, a vossa bondade!” (Sl 138,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 20, 1-16

Parábola dos trabalhadores da vinha—1Porque o Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2Depois de combinar com os trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a vinha. 3Tornando a sair pela hora terceira, viu outros que estavam na praça, desocupados, 4e disse-lhes: ‘Ide, também vós para a vinha, e eu vos darei o que for justo’. 5Eles foram. Tornando a sair pela hora sexta e pela hora nona, fez a mesma coisa. 6Saindo pelo hora undécima, encontrou outros que lá estavam e disse-lhes: ‘Por que ficais aí o dia inteiro desocupados? 7Responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. Disse-lhes: ‘Ide, também vós, para a vinha’. 8Chegada a tarde, disse o dono da vinha ao seu administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário começando pelos últimos até os primeiros’. 9Vindo os da hora undécima, receberam um denário cada um. 10E vindo os primeiros, pensaram que receberiam mais, mas receberam um denário cada um também eles. 11 Ao receber, murmuravam contra o pai de família, dizendo: 12‘Estes últimos fizeram uma hora só e tu os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor do sol’. 13Ele, então, disse a um deles: ‘Amigo, não fui injusto contigo. Não combinaste um denário? 14Toma o que é teu e vai. Eu quero dar a este último o mesmo que a ti. 15Não tenho o direito de fazer o que eu quero com o que é meu? Ou o teu olho é mau porque eu sou bom?’ 16Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos”.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

IMAGEM DE CAPA:

"Esmola (Estudo para o Quadro Pobres)"

Jozef Hanula / 1894.

Pintura a óleo sobre tela.

Galeria Nacional da Eslováquia, Bratislava, Eslováquia

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