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DECIDIRAM MATAR JESUS... (Jo 11, 45-56)

Antonio Carlos Santini

4/12/2025

Quem decidiu? Quem viu na morte de Jesus uma solução para seus problemas? Os sumos sacerdotes e os fariseus. Estamos falando da elite religiosa que então pastoreava o Povo escolhido por Deus. Os membros do partido dos saduceus que controlavam o Templo e o culto, e os doutores da Lei que eram considerados os mais fiéis cumpridores das tradições e dos preceitos judaicos.

Não eram essas lideranças que há séculos esperavam pela vinda do Messias, o Ungido do Senhor? Não eram esses pastores os guardas zelosos da herança mosaica? Apesar disso – fechando os olhos para o 4º mandamento de sua própria Lei – decidem pela morte de Jesus de Nazaré.

Que sentimentos movem suas mãos para o derramamento de sangue inocente? O medo. Medo da reação dos romanos, dominadores da Palestina, diante de uma eventual insurreição popular estimulada pela atração de Jesus sobre as turbas. Medo da perda de seus próprios privilégios, desde que não conseguiram cooptar Jesus para o seu lado. Medo diante do poder incomum demonstrado por aquele pregador da Galileia, capaz de curar os doentes e reanimar os mortos. Medo da coragem daquele aprendiz de carpinteiro que jogara por terra as mesas dos cambistas e limpara o Templo degradado em mercado. Medo diante da irrupção da ação divina fora dos estreitos limites que eles mesmos haviam demarcado para sua “religião”. Um medo que se espalhava pelas praças e se infiltrava nas artérias do poder...

A quem o medo atormenta? Ele tira o sono dos poderosos, ele abala o sistema econômico, ele corrói as consciências apodrecidas. O medo mata o medroso.

Todos têm medo. O povo teme as autoridades que assassinam crianças e as legiões romanas que invadem os lares. Até os discípulos de Jesus têm medo da tempestade, das ondas revoltas e – por absurdo que pareça! – temem o próprio Mestre (cf. Mt 17,6; Mc 4,41; 6,49-50; Lc 5,9-10).

Quem é que não tem medo? O único que é dominado pelo medo é o próprio Jesus. Somente ele. Consciente de sua missão, segue seu caminho para Jerusalém, sem temer os sofrimentos e a cruz que estão à sua espera. Segundo ele mesmo diz, “é necessário o Filho do homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, e ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar” (Lc 9,22).

Depois de Pentecostes, movidos pelo Espírito Santo, os discípulos não terão mais medo. Pedro abrirá as portas para pregar na praça. Estêvão não temerá as pedras dos lapidadores. Paulo não fugira dos açoites e da espada.

De que nós temos medo? Por que ainda temos medo?

Orai sem cessar: “Não temerei mal algum, pois estás comigo”. (Sl 22,4)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de João, Cap. 11, 45-56.

45 Muitos dos judeus que tinham vindo à casa de Maria, tendo visto o que ele fizera, creram nele. 46 Mas alguns dirigiram-se aos fariseus e lhes disseram o que Jesus fizera. 47 Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: “Que faremos? Esse homem realiza muitos sinais. 48 Se o deixarmos assim, todos crerão nele e os romanos virão, destruindo o nosso lugar santo e a nação”. 49 Um deles, porém, Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: “Vós de nada entendeis. 50 Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?” 51 Não dizia isso por si mesmo, mas sendo Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação 52 e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus dispersos. 53 Então, a partir desse dia, resolveram matá-lo. 54 Jesus, por isso, não andava em público, entre os judeus, mas retirou-se para a região próxima do deserto, para a cidade chamada Efraim, e aí permaneceu com os seus discípulos. 55 Ora, a Páscoa dos judeus estava próxima, e muitos subiram do campo a Jerusalém, antes da Páscoa, para se purificarem. 56 Eles procuravam Jesus e, estando no Templo, diziam entre si: “Que pensais? Virá ele à festa?”

Palavra da Salvação.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

O CORDEIRO DE DEUS [AGNUS DEI]

Francisco de Zurbarán / Espanha /1635-1640

Óleo sobre Tela

Museu do Prado, Madrid, Espanha

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