
E DAR A SUA VIDA (Mt 20,20-28)
OS EVANGELHOSPRMT 20
Antonio Carlos Santini
7/26/2025
O amor é assim. Vive para morrer. Morre para que o outro viva. E acha o seu sentido profundo quando gasta a vida pelo bem do outro. Jesus assevera: “Ninguém tem maior amor do que quem dá a vida por seu amigo.” (Jo 15,13.) As hipóteses freudianas sobre o homem divergem: pregam a afirmação de si mesmo, a busca de realização pessoal, a recusa de toda ascese, o abandono às próprias inclinações e a repulsa por todo sacrifício. Claro: Freud e o Evangelho são antípodas... E desde que sua psicologia se vulgarizou, foi minguando nossa capacidade de doação, a disposição para o altruísmo, para uma vida centrada no outro. Sempre mais egoístas, roubamos do amor seu sopro de eternidade para viver com mesquinhez as realidades terrestres.
Na Encíclica “Deus é amor”, Bento XVI diz: “A verdadeira novidade do Novo Testamento não reside em novas ideias, mas na própria figura de Cristo, que dá carne e sangue aos conceitos – um incrível realismo. [...] Na sua morte de cruz, cumpre-se aquele virar-se de Deus contra si próprio, com o qual Ele se entrega para levantar o homem e salvá-lo – o amor na sua forma mais radical. O olhar fixo no lado transpassado de Cristo, de que fala João (cf. 19, 37), compreende o que serviu de ponto de partida a esta Carta Encíclica: “Deus é amor” (1Jo 4, . É lá que esta verdade pode ser contemplada. E começando de lá, pretende-se agora definir em que consiste o amor. A partir daquele olhar, o cristão encontra o caminho do seu viver e amar.” (DCE, 12.)
Jesus vive o que ensinou. Humilde, entrega-se à morte ignominiosa, entre dois malfeitores, remindo com seu sangue a humanidade decaída. João resume o sentido de sua entrega: “Tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16.) Os mártires testemunham que esse amor é possível. Tendo provado o amor eterno – experiência totalizante que a tudo relativiza – entregam sua vida alegremente, entre hinos de louvor, pedindo a Deus clemência para os carrascos.
Há pequenos martírios em nossas vidas. A mãe sofre os incômodos da gravidez e as dores do parto para gerar vida nova. O pai tem as mãos calejadas para sustentar a família. O médico se expõe ao contágio para cuidar dos enfermos. A mestra se sacrifica pelos alunos, mesmo tendo um baixo salário. E tanta gente simples que valoriza amigos e vizinhos, e acolhe o migrante que passa... São todos eles um Evangelho vivo. Dão a vida e sabem servir...
Orai sem cessar: “Se morrermos com Cristo, com ele viveremos.” (2Tm 2,11)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 20, 20-28
Pedido da mãe dos filhos de Zebedeu —20Então a mãe dos filhos de Zebedeu,juntamente com os seus filhos, dirigiu-se a ele, prostrando-se, para fazer-lhe um pedido. 21Ele perguntou: “Que queres?” Ao que ela respondeu: “Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino”. 22Jesus, respondendo, disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice” que estou para beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então lhes disse: “Sim, bebereis de meu cálice. Todavia, sentar à minha direita e à minha esquerda, não cabe a mim concedê-lo; mas é para aqueles aos quais meu Pai o preparou”.
Os chefes devem servir —24Ouvindo isso, os dez ficaram indignados com os doisirmãos. 25Mas Jesus, chamando-os, disse: “Sabeis que os governa dores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. 26Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, 27e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo. 28Desse modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
Texto da Bíblia de Jerusalém.

