
E DEU-LHES PODER (Mt 10, 1-7)
OS EVANGELHOSMT 10PR
Antonio Carlos Santini
7/9/2025
Jesus não confiaria aos apóstolos uma missão entre lobos sem os revestir do necessário poder. O Mestre sabia que o mundo é dominado por um “príncipe” disposto a tudo para manter na escravidão aqueles que o Pai destinava à filiação divina.
Dietrich Bonhoeffer reflete sobre este poder:
“Não se trata apenas de uma palavra, uma doutrina, mas é um poder eficaz que os apóstolos recebem. Deve ser um poder maior que o poder daquele que domina a terra: o diabo. Os discípulos bem sabem que o diabo tem poder, ainda que a astúcia dele seja exatamente a de negar o seu poder e dar aos homens a ilusão de que ele não existe.
Ora, é justamente esta manifestação tão perigosa de seu poder que importa atingir. É preciso que o diabo seja posto à luz do sol e vencido pelo poder de Jesus Cristo. Assim, os apóstolos se enfileiram ao lado do próprio Jesus, pois é a obra dele que devem ajudá-lo a realizar.
Assim, para essa missão, Jesus não lhes nega também o dom mais elevado, que consiste em ter parte no seu poder sobre os espíritos impuros, sobre o diabo que se apoderou da humanidade. Nessa missão, os apóstolos se tornaram semelhantes a Cristo. Eles realizam as obras de Cristo.”
Seria extremo infantilismo acreditar que a decadência generalizada das sociedades humanas pudesse ser sanada através de bons conselhos. A própria consciência coletiva se encontra obturada por uma enxurrada de hábitos, modismos e contravalores, hoje assimilados neutramente por grande parte da massa humana. A regeneração humana exige uma participação no poder de Cristo.
E não podemos queixar-nos, pois ele se manifesta aqui e ali, sem reservas. O próprio Bonhoeffer, que lemos acima, manifestou esse poder quando se insurgiu contra a hidra nazista e não cedeu um milímetro em sua missão evangelizadora, acabando como mártir nos cárceres da tirania.
É esse mesmo poder que inspira Dom Bosco a se dedicar aos pivetes, ainda que acusado por outros padres de estar desonrando o clero ao se misturar àquela “gentinha”. As atitudes do Papa Francisco, assumindo modelos “franciscanos” no Vaticano, revela aquela liberdade que o mundo pagão desconhece. É preciso poder para abraçar a pobreza e a obediência a Deus.
Orai sem cessar: “O Senhor é meu escudo e salvação!” (Sl 18,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 10, 7-13.
A Missão dos Doze —1Chamou os doze discípulos” e deu-lhes autoridade deexpulsar os espíritos imundos e de curar toda a sorte de males e enfermidades. 1Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, também chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu ir mão; 3Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, o filho de Alfeu, e Tadeu; 4Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu. 5 Jesus enviou esses Doze com estas recomendações:”Não tomeis o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. 6Dirigi-vos, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7Dirigindo- vos a elas, proclamai que o Reino dos Céus está próximo.
O MARTÍRIO DE SÃO PAULO MIKI E COMPANHEIRO EM NAGASAKI
Em 5 de fevereiro de 1597, São Paulo Miki (1564-1597), um escolástico jesuíta, e outros 25 foram martirizados em Nagasaki. Esta pintura mostra os mártires jesuítas do Japão que foram torturados e executados em Nagasaki naquele século. Depois de 1614, muitos cristãos japoneses fugiram para Macau e Manila. Foi pintada por um pintor japonês anônimo por volta de 1635. A pintura está preservada na Chiesa del Gesù, Roma, Itália. Esta pintura é relativamente grande (110 x 220 cm). Era originalmente uma aquarela pintada em papel. Só mais tarde foi repintada a óleo, presa a uma tela e emoldurada, como pode ser encontrada hoje (D'Orazio, 2008). Produzida em um estilo inquestionavelmente kirishitano, a pintura retrata 44 jesuítas que foram martirizados de diferentes maneiras no Japão, começando com a primeira perseguição. A pintura tem três níveis separados. O nível superior representa a glória: em meio às nuvens, e ladeados por dois anjos, erguem-se as figuras de Francisco Xavier, São Paulo Miki e dois companheiros jesuítas crucificados em Nagasaki em 1597. Eles são reconhecidos como mártires por Roma, Paulo Miki, John Soan de Goto e James Kisai. O segundo nível (meio) mostra cristãos queimados na fogueira, decapitados e aqueles que viviam em segredo (cabana) ou exilados (galeão, abandonados em uma praia). O terceiro nível (embaixo) mostra pessoas submetidas ao "tormento das covas" (sendo suspensas de cabeça para baixo sobre um poço). Elas eram torturadas pendurando-as sobre um poço cheio de excrementos. Eles cortavam fendas ao redor de suas têmporas para aliviar a pressão para que morressem mais lentamente. O objetivo era quebrar a determinação daqueles que se recusavam a renunciar à sua fé.

