E OS ESPINHOS A SUFOCARAM (Mt 13,1-9)
OS EVANGELHOSPRMT 13
Antonio Carlos Santini
7/23/2025
O trabalho do semeador nem sempre encontra terra boa para acolher sua semente. É a vida! Solo pedregoso, aves famintas, espinheiros, tudo nos leva a ver como autêntico milagre o sucesso da plantação.
Louis Gillet, mais conhecido por seu pseudônimo literário – “um monge da Igreja do Oriente” – nos dá sua tradução pessoal desses “espinhos”:
“Os espinhos representam uma espécie de fracasso na história dos seres vivos. Nós sabemos que a pedra ou a areia jamais serão organismos. Permanecerão estéreis em relação à vida. Mas o espinho começa com uma folha. Depois ela endurece, torna-se aguda, madeira inútil e perigosa. De órgão vivo que tinha sido, desviou-se, degenerada. Doravante ela é infecunda, afiada, hostil.
O espinho simboliza espiritualmente o fracasso de uma vocação divina. Ele marca o ‘sufocamento’ da semente de que nos fala o Evangelho. Uma alma inicialmente aberta às coisas de Deus pode tornar-se parcial ou totalmente esclerosada em relação a essas coisas. Ocorre, muitas vezes, que são os melhores dons naturais de uma pessoa que uma inversão ou perversão ulterior volta contra Deus. Até mesmo aquela em quem a graça fez brotar folhas, flores e frutos, pode também trazer espinhos. Quais são os meus espinhos? De que aptidões divinas elas se tornaram a contrapartida?
Senhor, houve um dia em que espinhos trançados foram postos em tua cabeça como coroa de zombaria. Sem que os carrascos e o povo soubessem disso, aqueles espinhos representavam os pecados dos homens. Meus futuros pecados estavam lá. E tu os carregaste. Foi tua cabeça que eles ensanguentaram.
Senhor, levanto meus olhos para esses espinhos de que tua fronte está cercada. Eu os olho com arrependimento, mas com confiança. E eis que, neste mesmo instante, os espinhos deixam de me perfurar. Eu vejo o Semeador que continua a semear no meio dos mesmos espinhos. E sobre sua coroa dolorosa, entre os espinhos entrelaçados, creio ver aparecendo, como tímidos rebentos, anunciadores de uma nova esperança.”
É isto que situa o cristão e o pagão em polos opostos: para o pagão, o mal é uma realidade insuperável, o criminoso é uma pessoa irrecuperável; já para o cristão, por apostar na Graça divina e crer na salvação que Cristo deixa ao nosso alcance, até os espinhos podem mudar-se em flor, podem dar frutos de amor...
Orai sem cessar: “Não haverá mais espinhos de amargura para a casa de Israel...” (Ez 28,24)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 13, 1-9
1Naquele dia, ” saindo Jesus de casa, sentou-se à beira-mar.2Emtorno dele reuniu-se uma grande multidão. Por isso, entrou num barco e sentou-se, enquanto a multidão estava em pé na praia. 3E disse-lhes muitas coisas em parábolas:
Parábola do semeador — 4“Eis que o semeador saiu para semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e as aves vieram e a comeram. 5Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra. Logo brotou, porque a terra era pouco profunda. 6Mas, ao surgir o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. 7Outra ainda caiu entre os espinhos. Os espinhos cresceram e a abafaram. 8Outra parte, finalmente, caiu em terra boa e produziu fruto, uma cem, outra sessenta e outra trinta, 9Quem tem ouvidos, ouça!”
Texto da Bíblia de Jerusalém.

