FIEL À MINHA PALAVRA... (Jo 14,23-29)
Antonio Carlos Santini (Jo 14, 7-14)
5/25/2025
O clima é de despedida: “Estou de partida para o Pai...” Mas esta “separação” não significa abandono, nem solidão: “Nós viremos... nós vamos permanecer...” Estamos, pois, diante de uma nova maneira de “permanecer”: a fidelidade à Palavra de Deus.
Por um tempo considerável – quase três anos – os discípulos experimentaram a “presença” de Jesus no meio deles, ouvindo suas palavras e contemplando seus gestos de salvação. Este tempo chega ao fim. Cumprida a sua missão – dar a vida pelos homens – Jesus Cristo volta ao seio da Trindade. É chegada a hora de experimentar, no Espírito Santo, outra forma da “presença” do Verbo-Palavra entre os homens.
O monge André Louf, da abadia de Mont-des-Cats, comenta: “Jesus afasta seus temores de serem deixados sozinhos ou órfãos, para tornar possível uma presença de outra ordem. Uma presença que os dominará ainda mais do que o teria feito a amizade de Jesus, corporalmente presente ao lado deles. Uma presença que os invadirá por inteiro, até o mais profundo de seu ser. E presença não só de Jesus, mas do Pai e do Filho juntos, e ainda mais, um investimento assumido pelo Espírito Santo.”.
Claro, Jesus está dizendo que aos discípulos não faltará a sua Palavra; uma vez ouvida e acolhida, ela fará coisas admiráveis, pois tem o potencial de lhes devolver na hora o próprio Senhor Jesus, e de maneira ainda mais eficiente do que quando ele palmilhava os trilhos da Galileia. Sem os limites corporais, a Palavra do Mestre estará em toda parte onde for anunciada.
André Louf reflete: “A Palavra em nosso coração é doravante a nova permanência de Deus entre os homens, bem perto de nós, no interior de nós, lá onde a Palavra é depositada no mais secreto de nós mesmos; ali onde ela pode ser despertada em nós pelo Espírito Santo. É que a Palavra de Deus, hoje, não são apenas as palavras que Jesus pronunciou outrora, materialmente; são as mesmas palavras, mas do modo como o Espírito Santo as lembra para nós a cada instante”.
Cada vez que o discípulo de hoje abre o Livro Sagrado, cada vez que ele folheia as páginas do Evangelho, abre-se uma via de comunicação única, pois a Palavra se faz pessoal, intransferível, dirigida diretamente a um coração humano. Nesse momento, o Espírito de Deus – que sonda os corações – aplica à realidade individual a mensagem de um Pai que se revela aos filhos.
Orai sem cessar: “Ouve-me, meu povo, deixa-me falar!” (Sl 50,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Leitura do Evangelho de São João 14, 6-14.
6 Diz-lhe Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. 7 Se me conheceis, também conhecereis a meu Pai. Desde agora o conheceis e o vistes”. 8 Filipe lhe diz: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!” 9 Diz-lhe Jesus: “Há tanto tempo estou convosco e tu não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como podes dizer: ‘Mostra-nos o Pai!’? 10 Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim, realiza suas obras. 11 Crede-me: eu estou no Pai e o Pai em mim. Crede-o, ao menos, por causa dessas obras. 12 Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas, porque vou para o Pai. 13 E o que pedirdes em meu nome, eu o farei a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes algo em meu nome, eu o farei.
Fonte: Bíblia de Jerusalém
OS MILAGRES DE SÃO FRANCISCO XAVIER
Paul Peter Rubens/ Países Baixos / 1617-1618
Museu de História da Arte em Viena, Viena, Áustria.

