
FOI ELE QUEM ME ENVIOU (Jo 7, 1-2.10.25-30)
Antonio Carlos Santini
4/4/2025
Jesus Cristo é o missionário do Pai. Sua descida do seio da Trindade corresponde a um desígnio do Pai que deseja a salvação de toda a humanidade. Ao desejo do Pai, o Filho responde com seu sim integral, também ele revelador de um duplo amor: amor de compaixão pelos homens a serem salvos, amor de obediência ao Pai que não quer a perdição de ninguém. Daí a resposta do Filho: “Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade!” (Hb 10,7.9)
A atitude do Filho aponta o modelo a ser seguido por todo evangelizador. Não se trata de uma “profissão” escolhida pelo indivíduo; é claramente uma “vocação”, isto é, um chamado que vem de Deus, através da Igreja, que nos convoca a divulgar a Boa Notícia da qual ela é portadora: o Reino está próximo, a salvação permanece disponível, Jesus morreu por nossos pecados. E, como grita o apóstolo Paulo, “já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”. (Rm 8,1)
Em sua Carta apostólica “Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco recorda a todos nós, os batizados, que a vocação ao anúncio do Evangelho não é algo opcional, mas um “dever” de todo cristão. Anúncio que não pode ser imposto, mas que deveria ocorrer por uma espécie de magnetismo, ao contemplarem nossa alegria e nosso estilo de vida.
“Por fim, frisamos que a evangelização está essencialmente relacionada com a proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus Cristo ou que sempre O recusaram. Muitos deles buscam secretamente a Deus, movidos pela nostalgia do seu rosto, mesmo em países de antiga tradição cristã. Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração.” (EG, 14)
Na fonte de uma vida dedicada ao Evangelho, verifica-se habitualmente uma experiência filial. É por ser Filho que Jesus acolhe o íntimo anseio do Pai e, prontamente, se despoja dos privilégios divinos para assumir – em toda a sua fragilidade – nossa condição humana. E é com voz e sentimentos humanos que o amor do Pai nos é apresentado pelo Filho encarnado.
Assim também não estaremos dispostos a assumir o anúncio da Boa Nova se não experimentarmos em nós “os mesmos sentimentos de Cristo “ (cf. Fl 2,5), ou seja, se não chegarmos a vivenciar a paternidade de Deus em nossas vidas. É exatamente esta “filiação” que nos faz ver todos os homens como nossos irmãos e desperta nossa responsabilidade por sua salvação. Até lá, seremos estranhos...
Orai sem cessar: “Anunciarei teu Nome aos meus irmãos!” (Sl 22,23)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Leitura do Evangelho de São João, Cap. 7, 1-2. 10. 25-30.
1 Depois disso, Jesus percorria a Galileia, não podendo circular pela Judéia, porque os judeus o queriam matar. 2 Aproximava-se a festa judaica das Tendas.
10 Mas quando seus irmãos subiram para a festa, também ele subiu, não publicamente, mas às ocultas.
25 Alguns de Jerusalém diziam: “Não é a esse que procuram matar? 26 Eis que fala publicamente e nada lhe dizem! Porventura as autoridades reconheceram ser ele o Cristo? 27 Mas nós sabemos de onde esse é, ao passo que ninguém saberá de onde será o Cristo, quando ele vier”. 28 Então, em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde eu sou; no entanto, não vim por minha própria vontade, mas é verdadeiro aquele que me enviou e que não conheceis. 29 Eu, porém, o conheço, porque dele procedo, e foi ele quem me enviou”. 30 Procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe pôs a mão, porque não chegara a sua hora.
Fonte: Bíblia de Jerusalém
CRISTO CURANDO O PARALÍTICO NA PISCINA DE BETESDA
Bartolomé Esteban Murillo / 1667 - 1670
Óleo sobre tela
© Galeria Nacional de Londres, Reino Unido
Esta pintura mostra um dos sete atos de caridade descritos no Evangelho de Mateus e fazia parte de uma série que Murillo pintou para a igreja do Hospital de la Caridad em Sevilha. A Caridad era uma irmandade de caridade dedicada a ajudar os pobres e doentes da cidade; o próprio Murillo era um membro. Aqui, Cristo convida o homem a ficar de pé, curando-o; seus gestos de mão espelhados capturam a conexão poderosa entre eles. Os braços erguidos do homem criam um movimento ascendente, como se ele estivesse sendo levantado do chão por uma força invisível – uma evocação visual do milagre acontecendo.

