A woman holding a baby in a hospital bed

JÁ NÃO SE LEMBRA MAIS DAS DORES... (Jo 16, 20-23a)

Antonio Carlos Santini

5/30/2025

Jesus fala a seus discípulos logo antes de sua morte na Cruz. Logo antes do “parto”. Sim, a alusão que o Mestre faz à mudança de ânimo da mulher antes, durante e depois do parto, é imagem de sua paixão, morte e ressurreição. Agora, os discípulos estão tensos, experimentarão profunda tristeza, mas em seguida experimentarão a alegria sem medida.

Também o parto é uma experiência “crucial”: a eclosão de uma vida nova atravessa um limiar crítico, que exige a concentração de todas as forças humanas. Porém, uma vez transposto o limiar, a vida nova sorri para todos.

Entre as duas experiências, apenas “um pouco mais de tempo”: primeiro, “não me vereis” (pois Jesus se entrega à morte); depois, “mais um pouco, e me vereis de novo” (pois o Ressuscitado surge aos olhos arregalados dos discípulos). A alegria dissipa e ultrapassa a tristeza além de toda medida humana. Valeram a pena a tristeza e a angústia antes experimentados.

Seríamos capazes de avaliar a alegria espantosa que invade os seguidores de Jesus, após a ressurreição de Cristo, já superados o espanto, o medo e a incredulidade? Os relatos do Evangelho posteriores à ressurreição, envolvendo Madalena, as mulheres, os apóstolos, Tomé e os dois de Emaús, tão contidos e econômicos em sua redação, nem de longe conseguem expressar a reação de todos...

Jesus havia anunciado previamente: “Vós ireis chorar e lamentar; quanto ao mundo, ele se alegrará; vós estareis na tristeza, mas vossa tristeza se mudará em alegria” (Jo 16,20. Esta espécie de solene profecia não diz respeito apenas àqueles que então seguiam Jesus, mas vale para toda a história da Igreja e para a história individual de todo cristão. Existe um limiar a romper, existe um parto a sofrer. Não é possível antecipar apressadamente o parto, em vista de uma alegria precoce. A vida cristã é este parto: exige uma gestação, um processo de elaboração, um salto em direção à vida... e só depois vem a alegria...

Uma vida em embrião já é vida, mas caminha e evolui para sus plenitude, sua maturação. Aquilo que parecia, talvez, uma vida “vegetativa”, é vida em crescimento, é seta a caminho do alvo. Um dinamismo vital – um sopro do Espírito – explica a teleologia da existência: não existimos só para o “agora”, mas nos lançamos avidamente para um ponto de chegada. Com Cristo, a Igreja e cada cristão viajam para seu Alvo: o próprio Ressuscitado.

Orai sem cessar: “Senhor, para onde vais?” (Jo 13,36)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de João, Cap. 16, 20-23

Anúncio de um breve retorno —16 Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco de tempo ainda e me vereis”. 17 Disseram entre si alguns de seus discípulos: “Que é isto que ele nos diz: ‘Um pouco e não me vereis e novamente um pouco e me vereis’? e ‘Vou para o Pai’?” 18 Eles diziam: “Que é ‘um pouco’? Não sabemos de que fala”. 19 Compreendeu Jesus que queriam interrogá-lo e lhes disse: “Vós vos interrogais sobre o que eu disse: ‘Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco ainda e me vereis’? 20 Em verdade, em verdade, vos digo: chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará. Vós vos entristecereis, mas a vossa tristeza se transformará em alegria.

Palavra da Salvação.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

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