Crucifix statue on green grass

JUNTO À CRUZ (Jo 19,25-34)

Antonio Carlos Santini

6/9/2025

Os evangelhos sinóticos registram que, na crucifixão de Jesus, um grupo de mulheres estava observando de longe (cf. Mt 27,55; Mc 15,40). No Evangelho de João – aliás, testemunha ocular da história, pois ele não fugiu com a prisão do Mestre – ao contrário, quatro mulheres permanecem firmes “junto à cruz” [para toi stauroi, no texto grego]. Quatro soldados inimigos (Jo 19,23), quatro mulheres amigas (Jo 19,25) ...

O evangelista chega a nomear estas quatro mulheres: a Mãe de Jesus, a irmã dela, Maria de Cléofas e Maria Madalena. Juntamente com o discípulo narrador, estas mulheres são a Igreja fiel, que acompanha o Senhor até o fim, até a cruz.

Apesar da economia de detalhes, recusando-se a explorar aspectos de crueza, o texto registra que Jesus abrange com um só olhar (v. 26) sua Mãe e o discípulo amado. Num extremo gesto de ternura, o Filho quer garantir para ela a solicitude filial de João: “Eis a tua mãe!” Mas, ao mesmo tempo, quer assegurar para João, isto é, para a Igreja, a presença espiritual da Mãe. A partir desta cena, não é possível ignorar a maternidade de Maria para com a Igreja de Jesus: “Eis a tua mãe!”

“A partir dessa hora” – anota o Evangelho – “o discípulo a acolheu no que era seu”, “entre as coisas de sua propriedade” ou “em sua casa”, em diferentes traduções. De qualquer modo, vê-se aí o germe da maternidade espiritual da Mãe de Deus em relação aos que creem em Jesus.

Num patamar meramente humano, nota-se o cuidado oriental (naquela época como hoje) pelas viúvas desamparadas; num degrau mais alto, consegue-se ver que a Mulher escolhida para gerar o Verbo na carne também tem importante papel na geração do Corpo de Cristo, que é a Igreja.

O título de Mãe da Igreja, atribuído a Maria, foi utilizado pela primeira vez por Santo Ambrósio de Milão [338-397], e assumido de forma oficial durante o Concílio Vaticano II pelo Papa Paulo VI. Comentando esta passagem, André Scrima observa: “Sua mãe parece ser, doravante, o lugar de uma maternidade que pode, e até deve, envolver a outros, uma vez que seu Filho único foi elevado em glória”.

Como não seriam filhos de Maria aqueles que acolhem a Palavra de Deus tal como ela mesma a acolheu na Anunciação?

Orai sem cessar: “De Sião se dirá: todos nasceram nela!” (Sl 87,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de João, Cap. 19, 25-34

Jesus e sua mãe —25Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleopas, e Maria Madalena. 26Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis o teu filho!” 27Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa.

A morte de Jesus —28Depois, sabendo Jesus que tudo estava consumado, disse, para que se cumprisse a Escritura até o fim: “Tenho sede!” 29Estava ali um vaso cheio de vinagre. Fixando, então, uma esponja embebida de vinagre num ramo de hissopo, levaram-na à sua boca. 30Quando Jesus tomou o vinagre, disse: “Está consumado!” E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

O golpe de lança —31Como era a Preparação, os judeus, para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado — porque esse sábado era um grande dia! —

pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 32Vieram, então, os soldados e quebraram as pernas do primeiro e depois do outro, que fora crucificado com ele. 33Chegando a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas, 34mas um dos soldados, traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e água.

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