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MAGNIFICAT! (Lc 1, 39-56)

OS EVANGELHOSLC 1

Antonio Carlos Santini

5/31/2025

Ao celebrar a festa da Visitação – quando a Virgem Maria, já grávida de Jesus, sobe às montanhas de Judá até Isabel, sua parenta, grávida de João Batista -, a Igreja entoa com Maria um hino de gratidão e de louvor a Deus.

O verbo latino “magnificare” [traduzindo o grego original “megalúno”], que inicia o hino de louvor na voz da Mãe de Deus, expressa uma reação diante de algo grandioso, magnífico, fora de medida. No fundo do grito, um sentimento de gratidão por parte de quem foi agraciado além do próprio mérito, como na humilde pergunta de Isabel: “A que devo eu?! Que foi que eu fiz para merecer a visita da mãe do meu Senhor?!”

Nada impróprio que a Igreja celebre uma visita. Toda a primeira Aliança está marcada pelas visitas de Deus a seu povo. Entre os visitados, Abrão (Gn 12 e 18), Moisés (Ex 3), Samuel (1Sm 3) e tantos outros. E a maior de todas as visitas foi a vinda de Jesus, que “saiu do Pai” e assumiu a carne dos mortais, fincando a sua tenda (cf. Jo 1,14) no meio de nós.

Jesus é o Visitante definitivo. Veio para ficar: “Estarei sempre convosco até o fim dos tempos” (Mt 28,20). A certeza desta presença na Igreja e no mundo é o remédio para a solidão da humanidade.

E tão intenso é o impulso dessa visitação, que Jesus não espera seu nascimento para fazer a primeira visita: ainda na vida pré-natal, ele vai com Maria até Isabel, que traz no seio o precursor do Messias, João Batista. Cheia do Espírito Santo, portadora de Cristo, a simples saudação de Maria (cf. Lc 1,44) transmite a alegria do Espírito Santo para Isabel e seu filho.

O teólogo Wolfgang Beinert fala sobre os sentimentos que extravasam do cântico do Magnificat: “O cântico de Maria mostra também algo do ordenamento da nova aliança que se exprime e se realiza em suas palavras. A reação do homem à extraordinária ação salvífica de Deus é a gratidão com que o próprio homem se põe na linha da ação divina e adere ao Senhor. Tal atitude de gratidão logo se transforma em sentimento de humildade”.

Quando o dom é grande demais, o agraciado se humilha, por isso Maria canta como serva, não como rainha. “Diante da grandeza de Deus e de sua misericórdia - prossegue Beinert -, o beneficiado só pode sentir-se um servo indigno, um pobre que deixou atrás de si a tentação dos ricos e poderosos”, exatamente aqueles que o Senhor deixa de mãos vazias (Lc 1,53).

Orai sem cessar: “Eis aqui a escrava do Senhor!” (Lc 1,38)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Lucas, Cap. 1, 39-56.

A visitação —39 Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. 40 Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. 42 Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! 43 Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? 44 Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. 45 Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”

O Magnificat —46 Maria, então, disse: “Minha alma engrandece o Senhor,47e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador, 48porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada,49pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo 50e sua misericórdia

perdura de geração em geração, para aqueles que o temem. 51Agiu com a força de seu braço.dispersou os homens de coração orgulhoso. 52Depôs poderosos de seus tronos,e a humildes exaltou. 53Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo,lembrado de sua misericórdia 55— conforme prometera a nossos pais — em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!”56Maria permaneceu com ela mais ou menos três meses e voltou para casa.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

IMAGEM DE CAPA:

O NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA

Pintado por Artemisia Gentileschi (Italia 1593 - 1656)

1635 / Óleo sobre Tela

Museu do Prado, Madri, Espanha

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