NADA OCULTO QUE NÃO VENHA À LUZ... (Lc 8,16-18)
OS EVANGELHOSPRLC 8
Antonio Carlos Santini
9/22/2025
NADA OCULTO QUE NÃO VENHA À LUZ... (Lc 8,16-18)
De tempos em tempos, a vida política do Brasil é dominada por uma onda de investigações e CPIs. Dirigentes viram réus. Reputações rolam na sarjeta. Acordos firmados na sombra da noite são revelados abertamente à luz do sol. A Operação Lava Jato foi bom exemplo. E confirma-se a palavra de Jesus: nossos pecados – ainda que no dia do Juízo Final – serão todos revelados. Inútil o esforço de simular uma fachada de bem quando o vício e o pecado vicejam em nós. Mais cedo ou mais tarde, as máscaras cairão. A casa sobre a areia vai ruir...
Mas esta passagem é inseparável da imagem da lâmpada de azeite, que a dona da casa acende, ao entardecer, e deposita sobre o candelabro, bem no alto, para que toda a casa fique iluminada. Em Nazaré, durante 30 anos, esta cena se repetia todas as noites. E Jesus, desde menino, devia contemplar o rosto de sua Mãe e pensar no significado de seu gesto: “É ela quem ilumina a nossa noite. Quando eu crescer, também quero iluminar o mundo inteiro. Quero ser a luz do mundo!”
Também José era contemplado por Jesus. Esse homem justo (cf. Mt 1,19) também iluminava o Menino com seus exemplos. A presença paterna, sua dedicação ao trabalho, sua ternura com Maria, sua retidão nos negócios – tudo era uma lâmpada acesa diante de Jesus. Além de aprender a profissão de seu pai nutrício, Jesus aprenderia seu jeito de andar, a música de sua voz, sua vida de oração.
Quando, mais tarde, o Mestre da Galileia ordenasse que nossa luz brilhe diante dos homens, é claro que não nos impelia a “fazer farol”, como diziam meus pais: assumir uma atitude exibicionista. No fundo, Jesus Cristo nos alerta para a importância fundamental dos bons exemplos, para o seu notável poder de contágio e de irradiação, como sempre acontece na vida dos santos. Muito mais que as palavras etéreas, os gestos concretos arrastam o mundo. Menos discursos, mais atitudes...
Em várias ocasiões, o saudoso Papa João Paulo II nos lembrava que “o homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias”; e que “o testemunho da vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão”, (cf. Redemptoris Missio, 42), sendo o próprio Jesus Cristo a “testemunha” por excelência. Em muitas situações – lembra o Papa – o testemunho acaba sendo “o único modo possível de ser missionário”.
Como anda a nossa lâmpada? A luz do Espírito Santo arde em nós? Estamos ajudando a iluminar as trevas de nosso século?
Orai sem cessar: “Senhor, sabeis tudo de mim!” (Sl 139,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo
Leitura do Evangelho de São Lucas,
Cap. 8, 16-18.
Como receber e transmitir o ensinamento de Jesus —16Ninguém acende uma lâmpadapara a cobrir com um recipiente, nem para colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a num candelabro, para que aqueles que entram vejam a luz. 17Pois nada há de oculto que não se torne manifesto, e nada em segredo que não seja conhecido e venha à luz do dia. 18Cuidai, portanto, do modo como ouvis! Pois ao que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo o que pensa ter, lhe será tirado”.
Texto da Bíblia de Jerusalém.
SÃO JOÃO BATISTA
Pintado por Gioacchino Assereto (Itália 1600-1649)
1630 / Óleo sobre Tela
Museu da Fundação Bemberg, Toulouse, França

