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NEM OURO NEM PRATA (Mt 10,7-13)

OS EVANGELHOSMT 10

Antonio Carlos Santini

6/11/2025

Ao celebrar a memória do Apóstolo São Barnabé, companheiro de São Paulo (cf. At 13), a Igreja nos convida a refletir sobre o envio dos Doze em sua primeira missão. Deviam anunciar que o Reino de Deus estava próximo, isto é, bem ao alcance de cada um. Depois de mostrar aos apóstolos um programa de ação (curar os doentes / ressuscitar os mortos / limpar os leprosos / expulsar demônios...), Jesus dá um mandamento bem prático e bem preciso: “Não possuam ouro nem prata nem dinheiro nos cinturões...”

Por certo, Jesus sabia do risco de corrupção a que estão expostos aqueles que exercem o poder em nome de Deus. Saberia da tentação de ganhar dinheiro às custas do Evangelho. Talvez – quem sabe? – adivinhasse, já naqueles tempos, que iria surgir a “Teologia da Retribuição”! Conforme ensina Kenneth Hagin, Deus recompensa nossa fé dando dinheiro, conforto e fartura. Jesus, o pregador pobre, deve ter pressentido que certas “igrejas” seriam geridas como franquias alugadas, onde o pastor deve ter “produtividade”, isto é, em linguagem clara, ter lucro suficiente para pagar ao autodenominado bispo que é dono da franquia. Se os fiéis forem esfolados em nome do amor a Deus, paciência! O rebanho dá a vida por seu pastor...

Mas não é isto que Jesus ensina. Ele diz que o evangelizador é um homem pobre. Pobre por não levar dinheiro – nossas “garantias e seguranças” – e pobre por tudo esperar do Senhor. Aquilo que recebe de graça (o amor de Deus, a fé, a esperança, os dons do Espírito Santo) deve ser distribuído grátis, pois o dono de tudo é o Pai celeste.

O risco é permanente. Fabricar relíquias para vender. Inventar aparições para atrair a turba a santuários rentáveis. Vender a salvação em prestações semanais. Ameaçar com o inferno os que têm pouco para dar... Além do risco de haver duas Igrejas: a dos ricos e a dos pobres. Nesta, os escravos cantam para Nossa Senhora do Rosário...

É bonito contemplar os pés descalços (e estigmatizados) de Francisco de Assis! Como é consolador ver que um bispo se aposenta e sua família precisa se cotizar para lhe dar um apartamento, pois viveu pobre e morrerá pobre. E que escândalo o evangelizador subir à favela em um carro importado zero km!

O amor de Deus me faz pobre? Na prática, dependo de Deus ou do dinheiro?

Orai sem cessar: “Se vos possuo, nada mais me atrai na terra!” (Sl 73,25b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 10, 7-13.

"E, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos. Nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão; porque o operário tem direito ao seu sustento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrares, inquiríeis quem é ali digno e ali vos ficais até sairdes. E, entrando na casa, saúda-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz."

IMAGEM DE CAPA:

O MARTÍRIO DE SÃO PAULO MIKI E COMPANHEIRO EM NAGASAKI

Em 5 de fevereiro de 1597, São Paulo Miki (1564-1597), um escolástico jesuíta, e outros 25 foram martirizados em Nagasaki. Esta pintura mostra os mártires jesuítas do Japão que foram torturados e executados em Nagasaki naquele século. Depois de 1614, muitos cristãos japoneses fugiram para Macau e Manila. Foi pintada por um pintor japonês anônimo por volta de 1635. A pintura está preservada na Chiesa del Gesù, Roma, Itália. Esta pintura é relativamente grande (110 x 220 cm). Era originalmente uma aquarela pintada em papel. Só mais tarde foi repintada a óleo, presa a uma tela e emoldurada, como pode ser encontrada hoje (D'Orazio, 2008). Produzida em um estilo inquestionavelmente kirishitano, a pintura retrata 44 jesuítas que foram martirizados de diferentes maneiras no Japão, começando com a primeira perseguição. A pintura tem três níveis separados. O nível superior representa a glória: em meio às nuvens, e ladeados por dois anjos, erguem-se as figuras de Francisco Xavier, São Paulo Miki e dois companheiros jesuítas crucificados em Nagasaki em 1597. Eles são reconhecidos como mártires por Roma, Paulo Miki, John Soan de Goto e James Kisai. O segundo nível (meio) mostra cristãos queimados na fogueira, decapitados e aqueles que viviam em segredo (cabana) ou exilados (galeão, abandonados em uma praia). O terceiro nível (embaixo) mostra pessoas submetidas ao "tormento das covas" (sendo suspensas de cabeça para baixo sobre um poço). Elas eram torturadas pendurando-as sobre um poço cheio de excrementos. Eles cortavam fendas ao redor de suas têmporas para aliviar a pressão para que morressem mais lentamente. O objetivo era quebrar a determinação daqueles que se recusavam a renunciar à sua fé.

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