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O ALIMENTO QUE PERMANECE

Antonio Carlos Santini (Jo 6,22-29)

Multiplicando o pão e os peixes, Jesus alimentara uma multidão de 5.000 pessoas. Querem fazê-lo rei. Ele se retira para a solidão da montanha, pois sabia muito bem que seu Reino “não era deste mundo” (cf. Jo 18,36).

No dia seguinte, quando a turba reencontra Jesus no Lago de Tiberíades, ele faz questão de trazer à luz as intenções profundas daquele povo: vistes milagres... ficastes saciados... E o Mestre aponta para outra direção: não trabalhar em vão por um alimento que “passa” no tempo. Antes, empenhar-se pelo alimento que permanece na eternidade.

Sei que são poucos, hoje, a falar em eternidade. Em uma civilização do descartável, do one way, os olhares e os corações se orientam para o imediato, o carpe diem, aproveitar a vida, gozá-la intensamente e, de preferência, já!

Dentro de nosso corpo provisório, porém, pulsa uma alma imortal, cuja vida se estenderá além da morte, além do tempo, mergulhando no eterno. E o novo “estado” de vida (no eterno) dependerá da forma como gastamos e vivemos este “tempo” breve, efêmero como a erva dos campos, diz a Escritura.

O pão material permite subsistir no tempo. Terminada esta passagem pelo tempo, que alimento nos manterá na Vida? Apenas um alimento espiritual que é dom do próprio Deus. Na verdade, em sua misericórdia paterna, Deus antecipou para nós o Pão de vida eterna. A Eucaristia.

Por isso mesmo, Jesus Cristo nos fez uma promessa muito clara e repetida mais de uma vez: “Eu sou o Pão de Vida... Eu sou o Pão vivo que desceu do Céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu hei de dar é a minha Carne pela vida do mundo”. (Jo 6,48.51.)

A Igreja canta o antigo hino litúrgico:

“Eis o pão que os Anjos comem

Transformado em pão do homem.

Só os filhos o consomem:

Não seja lançado aos cães.

Vós que a tudo sustentais,

Que aos homens apascentais,

Fazei de nós comensais,

Coerdeiros imortais

Dos santos concidadãos.”

Orai sem cessar: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!” (Sl 42,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São João 6, 22-29.

Discurso na sinagoga de Cafarnaum 22 No dia seguinte, a multidão que permanecera no outro lado do mar percebeu que aí havia um único barco e que Jesus não tinha entrado nele com os seus discípulos; os discípulos haviam partido sozinhos. 23 Outros barcos chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão. 24Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, nem os seus discípulos, subiu aos barcos e veio para Cafarnaum, à procura de Jesus. 25Encontrando-o do outro lado do mar, disseram-lhe: “Rabi, quando chegaste aqui?” 26Respondeu-lhes Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. 27Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece para a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará, pois Deus, o Pai, o marcou com seu selo” 28Disseram-lhe, então: “Que faremos para trabalhar nas obras de Deus?” 29Respondeu-lhes Jesus: “A obra de Deus é que creiais naquele que ele enviou”.

Fonte: Bíblia de Jerusalém

IMAGEM DE CAPA:

O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES

Bartolomé Esteban Murillo/ 1605

Hospital e Igreja da Santa Caridade, Sevilha, Espanha

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