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O ESPOSO LHES SERÁ TIRADO... (Mt 9, 14-15)

OS EVANGELHOSMT 9

Antonio Carlos Santini

3/7/20253 min ler

Os discípulos de João Batista viviam uma vida ascética, a exemplo de seu Mestre. Já os discípulos de Jesus, ainda que pobres, formavam um bando bastante informal e alegre, sempre disposto a se reunir em torno de uma mesa. O próprio Jesus confessa: “Desejei ansiosamente comer esta ceia convosco!” (Lc 2,15.) Os adversários vão dar-lhe o rótulo de beberrão e comilão (cf. Lc 7,34).

Entre os hebreus, o jejum costumava ser um sinal de luto. Os contemporâneos do Rei Davi estranharam quando ele interrompeu seu jejum logo após a morte do filho que tivera com Betsabé (cf. 2Sm 12,21). Daí a resposta de Jesus quando os discípulos de João vão até ele, perguntando por que seus discípulos não jejuavam: é que o Esposo estava com eles e durante as bodas ninguém faz jejum.

A primeira lição, para nós, é que Jesus Cristo é o Esposo. A Igreja é a noiva, que ele deverá encontrar sem mancha e sem ruga (cf. Ef 5,27). A cena das Bodas de Caná tem sido interpretada pelos Padres da Igreja como uma espécie de antecipação do Banquete do Cordeiro. A fartura de vinho aponta nessa direção.

A segunda lição, menos agradável, é que o Esposo nos pode ser tirado. No caso dos discípulos, isto aconteceu quando Jesus foi crucificado e morto. As lágrimas de Pedro, de Madalena e das santas mulheres compunham o cenário. Mas a mesma experiência foi vivida pelos cristãos sob perseguição nazista ou comunista, na Alemanha ou no Camboja. Era como se lhes tivessem roubado o Esposo.

E nada garante que também nós não passaremos por isso. A crescente invasão do paganismo em todas as esferas da vida social e política, aliada ao desprezo e às agressões cometidas pela mídia capitalista contra as tradições do povo cristão – tudo sugere que os cristãos podem transformar-se em uma minoria indesejável e incômoda para os novos pagãos que se multiplicam.

De fato, nós não precisamos esperar por isso para jejuar. Podemos começar desde já o nosso jejum na intenção daqueles que já são vítimas de perseguição, como os nossos irmãos do sul do Sudão e da nova China, presa preferencial de ativistas muçulmanos e dirigentes comunistas.

Um jejum de alimentos, sim. Mas também um jejum de televisão, de programas mundanos, de lazeres que dissipam a alma. E acima de tudo, um jejum de pecado. Porque de nada adianta para a alma fazer jejum com o corpo e continuar apegada aos mesmos pecados de sempre...

Orai sem cessar: “Aquele que eu amo, não o vistes?” (Ct 3,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Escute a reflexão no vídeo abaixo

Leitura do Evangelho de São Mateus, Cap. 9, 14-15

Discussão sobre o jejum 14 Por esse tempo, vieram procurá-lo os discípulos de João com esta pergunta: “Por que razão nós e os fariseus jejuamos, enquanto os teus discípulos não jejuam?” 15 Jesus respondeu-lhes: “Por acaso podem os amigos do noivo estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão, quando o noivo lhes será tirado; então, sim, jejuarão. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgo torna-se maior. 17 Nem se põe vinho novo em odres velhos; caso contrário, estouram os odres, o vinho se entorna e os odres ficam inutilizados. Antes, o vinho novo se põe em odres novos; assim ambos se conservam”.

Texto da Bíblia de Jerusalém.

IMAGEM DE CAPA:

Políptico com Cenas da Paixão de Cristo,

Fabricado na Renânia, França ou Alemanha/ Cerca de 1350

Marfim, pintura e douramento com suportes metálicos

Metropolitan Museum, Nova York

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